2012 tem sido um ano de estreias na TV brasileira. Diversas emissoras planejaram e levaram ao ar novos programas de entretenimento, quase sempre criativos e muito bem pensado. Entre as muitas estreias, podemos destacar o Encontro com Fátimas Bernardes e o Roberto Justus Mais, duas apostas altas da Rede Globo e Rede Record respectivamente e que, até o momento, não deram resultados satisfatórios.
Na noite da última quinta-feira o público se deparou com mais uma estreia. Trata-se do Na Moral, novo programa do jornalista Pedro Bial e que vinha causando burburinho nos bastidores da televisão já há algum tempo. Um programa de auditório é sonho antigo dele e muito se ensaio na emissora por anos a fio, mas somente agora foi consolidado.
Faz tanto tempo que Pedro Bial deixou o Fantástico e, consequentemente o jornalismo, para se dedicar exclusivamente à apresentação do Big Brother que, nos primeiros minutos na tela, causou estranheza vê-lo ali. A memória afetiva do público liga o apresentador automaticamente ao Reality show e à sua presença física na TV apenas nos primeiros meses do ano. Contudo, o novo programa estreou mostrando-se um dos acertos do ano.
"É viado, bixa ou homossexual?" Desta forma Bial abriu seu novo desafio e já começou chocando quem, distraído, estava assistindo. Um programa de auditório que debate temas recorrentes e, obviamente polêmicos, com direito a convidados sem papas na língua, este é o Na Moral que, sempre mantendo o foco no tema conseguiu citar exemplos bons e exemplos trágicos. Neste ponto, o único senão talvez seja o uso do docudrama que não acrescentou absolutamente nada ao show.
Pedro Bial é descolado e sabe os caminhos para o sucesso. Firme, sem demonstrar sombra de nervosismo, ele tomou as rédeas de seu show e não se limitou a apresentar: opinou. Mais do que opinar, ele provocou seus convidados, fez o que ele faz melhor no BBB, desafiou e propôs debates. Debates estes, aliás, que foram o melhor do programa.
O grande problema da noite foi a tentativa de tornar o programa num formato exclusivamente de entretenimento. Para não afugentar o telespectador de um programa com o carimbo de debates, houve músicas, participação do público na rua e presença de artista da Globo. Nada disso acrescentou para a proposta do show e atrapalhou o ritmo, cortando o que de melhor havia ali, as discussões.
Um programa com um tempo tão curto não pode se omitir a debater e aprofundar as discussões. Pedro Bial deve abraçar a ideia de colocar o Na Moral como um dos únicos programas de debate da TV aberta no Brasil, pois enquanto houve isso, o show foi excelente. E a Rede Globo poderia ter planejado melhor esta estreia, sem lançar o programa na Faixa III, por conta da novela Gabriela, na Faixa II, com mais tempo de arte, o programa renderia muito mais.
De qualquer forma o Na Moral acertou e mostrou um grande potencial. Como na TV se aprende fazendo, a partir de agora é provável que os equívocos que apareceram no programa Piloto sejam corrigidos. A tendência é que o show fique ainda melhor e com um Pedro Bial inspiradíssimo, só para variar.