sábado, 25 de fevereiro de 2012

Com melodrama mexicano, Rei Davi conquista público

Rei Davi se tornou o maior sucesso do momento. A despeito da boa audiência de Fina Estampa, a série da Record, mesmo com audiência bem inferior às produções da Rede Globo é, sem dúvida nenhuma, a dona do momento no panorama televisivo brasileiro. Com audiência bem acima das outras obras da casa, a produção se estabilizou na briga pela liderança do horário e mostra-se capaz de surpreender.

Discutir a qualidade artística de uma obra de sucesso é um trabalho delicado. É evidente que a produção apresenta problemas graves - o elenco é o principal deles - mas é impossível analisar apenas com um olhar técnico para uma obra que arrebata milhões de fãs apaixonados pelo país. Verdade seja dita, a minissérie foi feita para agradar o público e tem conseguido.

A estratégia parece simples. Ao utilizar-se da licença poética para recontar a história de Davi, famoso Rei de Israel descrito nas páginas bíblicas, a autora retirou todos os elementos contados na Bíblia e que afastaria a audiência e tornou sua história um melodrama sem grande profundidade, mas que impacta em cheio o telespectador que busca histórias mais rasas e cheias de romances e aventuras.

Rei Davi não passa de uma produção mexicanizada e que não consegue levar reflexão alguma - diferente da história real, uma das melhores já descritas em toda a Bíblia - mas que arrebata multidões justamente por sua leveza e cuidado narrativo. O amor incondicional dos protagonistas cria rápida aceitação em quem assiste e a identificação vem em seguida. Pintar Davi como o eterno injustiçado nas mãos de Saul foi uma estratégia para tornar o mocinho como o desenho do bem e Saul na personificação do mal, no melhor estilo mexicano de se fazer vilania.

É evidente que o telespectador não enxerga a falta de verossimilhança das situações, afinal, o que ele quer não é uma reflexão sobre a história, ele busca acompanhar a saga de um homem injustiçado pelo destino e moldado pelas situações, sempre protegido pelo amor de Deus - outro ponto que atrai audiência, o sincronismo religioso - e de sua amada. A base de Rei Davi é o amor incondicional, o amor quase irreal e que o telespectador busca para fugir de sua realidade, quase sempre desprovida de sentimentos tão nobres. E este é o sucesso da minissérie.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Comparativo de Audiência - 21 Horas - média parcial

Média-parcial diária de novelas das 21 Horas até o capítulo 160


Fina Estampa: 38,89
Insensato Coração: 34,98
Passione: 34,00
Viver a Vida: 34,98
Caminho das Índias: 37,16
A Favorita: 38,46
Duas Caras: 39,91
Paraíso Tropical: 42,50
Páginas da Vida: 47,39
Belíssima: 46,76
América: 47,66
Senhora do Destino: 48,65
Celebridade: 42.98
Mulheres Apaiconas: 45,57
Esperança: 37,94
O Clone: 44,36

Comparativo de Audiência - 18 Horas - média parcial

Média-parcial diária de novelas das 18 Horas até o capítulo 130


A Vida da Gente: 21,73
Cordel Encantado: 25,78
Araguaia: 22,29
Escrito nas Estrelas: 25,55
Cama de Gato: 23,68
Paraíso: 25,07
Negócio da China: 20,39
Ciranda de Pedra: 22,00
Desejo Proibido: 22,86
Eterna Magia: 25,84
O Profeta: 32,09
Sinhá Moça: 33,43
Alma Gêmea: 36,89
Como uma Onda: 26,02
Cabocla: 33,42
Chocolate com Pimenta: 34,07
Agora é que são Elas: 28,06
Sabor da Paixão: 23,99
Coração de Estudante: 29,14

A Função do Lançamento de Uma Novela

Recentemente a Rede Globo iniciou os trabalhos de Campanha para o Lançamento da próxima novela das 18 Horas. Com assinatura de Elizabeth Jhin (Eterna Magia e Escrito nas Estrelas), Amor Eterno Amor começou a ser divulgada cerca de um mês antes de sua estreia oficial, prevista para estrear no próximo dia 05 de Março. Este trabalho de lançamento é recorrente na emissora e, atualmente, em praticamente todas as Redes de TV do país que produzem teledramaturgia e tentam seguir o mesmo modelo da Vênus Platinada e tem o objetivo básico de divulgar uma nova obra.

O primeiro passo neste processo é a divulgação do teaser oficial. É a partir dele que a emissora começa a trabalhar com a imaginação do telespectador sobre uma nova obra que está sendo lançada. Em seguida, começam as chamadas oficiais que divulgam a premissa básica do folhetim, depois começam as chamadas de personagens para, finalmente, exibirem as chamadas de elenco.

Todo este trabalho visa preparar o telespectador para não rejeitar o próximo produto, tentando minimizar o que se chama de "viuvez" da novela que está terminando. Quando bem feito, um lançamento pode se transformar na grande arma do folhetim para seu sucesso, como aconteceu recentemente com Cordel Encantado, trama que causou alvoroço já durante os primeiros teasers.

O problema é que um Lançamento equivocado pode também prejudicar uma obra. E é exatamente isso que tem ocorrido com a próxima novela das 18 Horas. Tudo que se viu sobre o folhetim até o momento nas Chamadas da Rede Globo não convencem. Se o teaser foi, sem qualquer sombra de dúvidas, um dos piores dos últimos anos, as chamadas não conseguem chamar a atenção para uma história solidificada e com equilíbrio mínimo para garantir espaço nas discussões do telespectador.

Se a chamada, que reúne normalmente as mais fortes cenas dos primeiros capítulos da obra, não conseguem chamar a atenção, tem-se um problema diante de si para a produção. Ou a escolha das cenas escolhidas e o tom das chamadas foi absolutamente equivocada e prejudicou bastante a própria novela. Ou o folhetim é desinteressante a ponto de não conseguir agrupar cenas suficientemente marcantes em sua primeira parte para produzir um bom Lançamento.

Independente de qual seja o problema de Amor Eterno Amor, o fato é que seu Lançamento já demonstra problemas. Tendo que recuperar a audiência que sofreu queda vertiginosa com A Vida da Gente, a trama de Elizabeth Jhin já tem a sombra de um Lançamento fracassado para lidar antes da estreia.


Assista ao teaser de Lançamento da próxima novela das 18 Horas



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Brasileiro ainda vê Carnaval?

Passadas todas as noites de Carnaval e os dois dias de apuração - em SP e no RJ - com todos os detalhes do evento transmitidos em tempo real pelas principais Redes de Televisão do país, é o momento de se fazer um balanço. Não obrigatoriamente da qualidade da cobertura - aliás, a melhor já é realizada em muitos anos, é preciso lembrar - mas do que ela, de fato, representou para a TV brasileira.

A priori, é preciso lembrar que o Carnaval é a principal festa da nação, considerado um dos principais, senão o principal, patrimônio nacional. Uma das poucas festividades que reúne uma imensidão de brasileiros para comemorar. Posto isso, a pergunta do título é bastante válido no momento, pois a audiência das emissoras que transmitem o Carnaval vem caindo vertiginosamente ano após ano.

A Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão dos desfiles das Escolas de Samba de São Paulo e do Rio de Janeiro, perdeu em um ano 20% de sua audiência e, se a comparação for com alguns anos, a queda é ainda mais aguda. Ao se analisar estes números friamente, um desatento poderia dizer que o brasileiro prefere comemorar a festa a assisti-la em sua TV. Será verdade?

É bem verdade que a Rede Globo sofreu com a audiência durante os desfiles. Apesar de liderar com relativa folga durante os desfiles em São Paulo, quando a exibição foi do Rio de Janeiro, a audiência medida em São Paulo perdeu para a Record no domingo e sofreu na segunda-feira, perdendo parte da exibição para a minissérie Rei Davi.

Três pontos precisam serem analisados neste caso. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a transmissão do Carnaval foi líder disparado nas 04 noites na medição paulista. Parece contradição do parágrafo anterior, mas não é. É preciso lembrar que SBT, Band e Rede TV também fizeram de suas grades noturnas espaço aberto para a transmissão do Carnaval e, ao somar essas três audiências com as da Globo, a liderança foi incontestável.

Outro fato importante se dá justamente no fato de que 04 emissoras transmitiram a Festa. Com isso, a única opção dos que preferiam assistir outro assunto foi a Rede Record que levou toda essa parcela de público sozinha e, com isso, conseguiu abocanhar a liderança em alguns momentos. Mas não significou, contudo, que a maioria dos paulistas preferiam ver outra programação ao Carnaval.

O último ponto de análise, mas não menos importante, é entender a medição. A liderança da Record se deu em São Paulo, não no Brasil. Nos dados de medição de 08 Capitais, a Rede Globo só perdeu a liderança em duas e manteve-se líder com folga nas demais. Se somar as audiências da emissora líder do país, com as outras 03 que transmitiram o Carnaval, a vantagem no país é ainda maior em relação as que não transmitiram (Record e TV Cultura que não fez cobertura completa).

A análise dos números não permite dizer, portanto, que o brasileiro não vê mais Carnaval. Muito longe disso, a principal festa do país ainda mostra-se bastante atrativa como parte da programação da TV aberta e, certamente, muito lucrativa para as emissoras de TV.

Comparativo de Audiência - 19 Horas - média parcial

Média-parcial diária de novelas das 19 Horas até o capítulo 110


Aquele Beijo: 25,00
Morde e Assopra: 28,36
Tititi: 28,73
Tempos Modernos: 23,14
Caras e Bocas: 29,97
Três Irmãs: 25,06
Beleza Pura: 28,13
Sete Pecados: 30,11
Pé na Jaca: 29,65
Cobras e Lagartos: 36,31
Bang Bang: 27,73
A Lua me Disse: 32,27
Começar de Novo: 33,24
Da Cor do Pecado: 41,60
Kubanakan: 36,86
O Beijo co Vampiro: 27,81
Desejos de Mulher: 31,89

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Record desrespeita o telespectador e dá tiro no pé

Na segunda-feira de Carnaval, numa daquelas estratégias que somente a pessoa que inventa algo assim consegue entender, a Rede Record modificou toda a sua grade noturna sem nenhuma justificativa aceitável diante do telespectador. A novela Vidas em Jogo, que já não é nenhum fenômeno de audiência, entrou no ar cerca de 90 minutos antes de seu horário oficial, começando às 21h00 para ceder lugar a uma reprise compacta dos primeiros episódios de Rei Davi, que começou às 22h00.

Ainda que não haja qualquer justificativa diante do telespectador, a explicação é simples. Em sua ânsia de ter alguns minutos de liderança, a Rede Record decidiu colocar seu produto mais forte atualmente para disputar audiência com o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro que era transmitida no mesmo momento pela Rede Globo. Estratégia de uma emissora desesperada, sem crescimento e que sofre uma crise sem precedentes. O objetivo? Ter um dia de audiência alta para divulgar exaustivamente e tentar esconder que não consegue alcançar de forma natural os números de 2008 e 2009.

Por mais que a decisão se caracterizasse como claro desrespeito ao telespectador fiel da emissora, acostumado a assistir a novela em seu horário tradicional, o que a emissora da Barra Funda não contava era que a estratégia seria um grande tiro no pé. Os números, por mais que queiram maquiar, foram cruéis e mostraram o erro de estratégia. Basta ver que, no domingo, com sua programação oficial, a emissora não teve qualquer dificuldade para vencer a Globo, enquanto na segunda, com a programação destroçada, o resultado foi nenhum.

Os menos atentos podem dizer: mas Rei Davi venceu a Globo por 14 a 13 na média. Isso não deixa de ser verdade, porém, é preciso observar que a minissérie ficou no ar madrugada adentro (mais de meia noite e meia), e não terminou enquanto a liderança não chegou, quando a previsão era de exibição até meia noite. Outro desrespeito. Agora, vamos analisar os números friamente e sem qualquer torcida.

A média-dia de segunda-feira apontou a Rede Record com 7,8 de audiência. Enquanto a média-dia da segunda-feira de carnaval em 2011 - sem desrespeitar o telespectador - os números mostraram a emissora com média de 8,0. Ou seja, com toda a estratégia para conseguir altos índices, o que se viu foi uma queda de 0,2 - ou cerca de 40 mil pessoas a menos assistindo a emissora só na Grande São Paulo.

Na comparação entre os programas noturnos, os números são ainda mais devastadores. O Jornal da Record na segunda-feira de carnaval em 2011 alcançou média de 13 pontos com picos de 18. Em 2012, a média foi de 6 pontos com picos de 7. Na média, uma queda de mais de 50% e no pico uma queda de quase 60%.. Em 2011, o programa exibido foi a série CSI Miami que alcançou uma média de 14 pontos com picos de 17. Em 2012, foi a novela Vidas em Jogo que teve uma média de 10 pontos com picos de 12. Na média e no pico, a programação do horário caiu 30%. Por fim, em 2011 a novela Ribeirão do Tempo alcançou a média de 14 pontos com picos de 16, enquanto este ano, Rei Davi conseguiu exatamente a mesma média de 14 pontos e aumentou 01 ponto no pico, 17. Veja os gráficos:





Fonte: Ibope

Nos três principais programas exibidos na grade noturna da Rede Record, na comparação com 2011, 02 programas perderam em 2012 e apenas um empatou. Na comparação com a média-dia de 2011, houve queda de 0,2. Ou seja, a emissora desrespeitou o telespectador, preferiu olhar para a concorrência ao invés de olhar para seu público. Moldou sua programação, de acordo com a concorrente, deu de ombros para o respeito, e foi punida pelos donos do controle remoto. Não alcançou os resultados desejados, prejudicou sua grade, seu relacionamento com o público e sua média nos programas. 

A expectativa poderia ser de que a emissora aprendesse com isso, mas é improvável, visto que já está no DNA de quem comanda a Rede Record agir por impulso e não se importar com seu público, mas sempre tentar maquiar a crise com números que não são naturais. Uma pena

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Domingo na TV: Tudo é Possível

Dando continuidade à coluna que estreou na semana passada, o Domingo na TV que tem por objetivo avaliar os principais programas dominicais das três principais emissoras da TV aberta brasileira. Na semana passada, a primeira crítica tratou do programa Eliana, do SBT e, para esta semana, o programa assistido foi o Tudo é Possível, da Rede Record.

Com quatro horas de duração, o programa de auditório não justifica esse tempo na grade dominical da emissora, visto que não apresenta quadros suficientemente fortes para se manter no ar por tanto tempo com uma programação diferenciada e de qualidade. E aí começam os problemas. Ao longo das 04 horas foram apresentador 07 quadros, nenhum com tempo menor de 10 minutos de duração e alguns com praticamente uma hora no ar.

O grande problema é que praticamente todos os quadros foram inspirados em outros programas, seja da emissora ou não. Dizer que o atual Tudo é Possível é uma espécie de fábrica de reciclagem que assiste à programação nacional para, depois, se inspirar na criação de seus próprios quadros não seria nenhum exagero. Nada ali é inédito ou inovador. Assistir ao programa sempre dá uma impressão de nostalgia, pois quem vê sabe que já assistiu aquilo em algum lugar.

Pior do que isso é que muitos desses quadros "inspirados" em outros programas não apontam qualidade alguma. O Jornal Tudo é Possível é das coisas mais constrangedoras que se vê na TV atualmente, tão ruim que é. Assim como o Piadas de Rua que também é muito fraco. Somando esses dois quadros e o Concurso de Stand Up foram mais de uma hora dedicada a comédia, nada justifica isso num programa de auditório.

O único quadro realmente interessante foi o tempo do programa dedicado à própria emissora. Mostrar os bastidores das gravações da minissérie Rei Davi foi bastante interessante e bem construída, e a ideia de colocar os protagonistas para entrevistar elenco, direção e autora, deu um toque de criatividade ao quadro que, mesmo longo, não cansou.

A utilização de vídeos da internet em diversos quadros comprovam a total falta de pauta para manter o programa no ar por 04 horas. Além de não ser uma ideia inédita - programas utilizam isso desde o início da década passada - utilizar este artifício em quadros diferentes e por tanto tempo, mostram a crise de criatividade da produção do programa.

Mas o pior é falta de respeito com a apresentadora. Em 04 horas de programa, Ana Hickmann apareceu por míseros 29 minutos, ou seja, 12% do tempo. Um programa dominical de auditório deve ser sustentado pelo carisma de seu apresentador e, quando se utiliza de matérias externas ou quadros longos, o ideal é acompanhar os comentários da apresentação. Ana Hickmann é desrespeitada pela direção quando se torna uma peça simples e sem importância na engrenagem do programa. Verdade seja dita, quando ela aparece no comando de algum quadro, não consegue transmitir carisma e naturalidade suficientes.

Sem qualidade alguma, o Tudo é Possível necessita urgentemente de uma reformulação para driblar a crise de criatividade e manter-se no ar por tanto tempo. Da forma como está, é cansativa e, provavelmente, essa é a justificativa para o programa ter tantos momentos diferentes na briga pela audiência.

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