terça-feira, 26 de março de 2013

Homenagem: Um ano de Avenida Brasil

Há um ano os telespectadores brasileiros aguardavam ansiosamente o horário das 21 Horas para acompanhar a estreia da nova novela de João Emanuel Carneiro. Neste horário, no meio da tarde, era impossível dizer o que se veria no ar, mas a ansiedade já era grande, graças ao currículo do autor e as chamadas que aguçavam ainda mais a curiosidade do público.

Por volta das 22h30 do dia 26 de março de 2012, telespectadores boquiabertos diante da TV por todo o brasil estavam estupefatos diante do primeiro capítulo mais avassalador que a televisão brasileira já teve notícias. Assim, Avenida Brasil mostrou seu cartão de visitas. O primeiro dos quase 180 capítulos que mudariam para sempre os rumos da teledramaturgia nacional.

Agora, um ano depois da estreia, é possível lembrar com carinho de todas as personagens e ainda perceber que tudo está muito vivo no imaginário popular. A novela subiu dos patamares normalmente vistos por um folhetim e se transformou em raro fenômeno de repercussão, literalmente parando o Brasil. Tanto que sua sucessora sofre até hoje por conta da viuvez que a trama de JEC deixou.

Falar sobre a competência do autor, a ousadia e inspiração assombrosa da direção ou do elenco afiado é chover no molhado e repetir tudo que já foi dito ao longo dos meses de exibição. Garantir a saudade de personagens como Nina e Carminha, além de tantos coadjuvantes que honraram este nome, deram um show de talento e produziram uma Novela, assim mesmo, com "N" maiúsculo. É impossível falar de Avenida Brasil sem falar do show de seu elenco, ou do roteiro absurdamente genial ou da direção num estado de graça poucas - ou nunca - vezes visto na TV.

Por isso, o Blog decidiu homenagear o que consideramos a melhor novela da História da Teledramaturgia de uma forma diferente. Veja abaixo os textos publicados pelo TVxTV ao longo da exibição desta novela que estará para sempre na memória dos fãs brasileiros.

1 - Avenida Brasil ignora apresentações e chega como rolo compressor

2 - O Assombroso ritmo de Avenida Brasil

3 - Avenida Brasil é uma coleção de acertos

4 - O Capítulo incrível de Avenida Brasil

5 - Adriana Esteves muda as vilãs de JEC

6 - Avenida Brasil e o esqueleto de A Favorita

7 - Avenida Brasil ou A Favorita?

8 - Débora Falabella: a maturidade de uma ótima atriz

9 - Avenida Brasil em um momento antológico

10 - A Construção narrativa na virada de Avenida Brasil

11 - Avenida Brasil aponta um perigo: o jornalismo de troca de favores

12 - 08 Referências Cults do capítulo 102 de Avenida Brasil

13 - A Difícil Missão de ser João Emanuel Carneiro

14 - A diferença do Real e do Verossímil

15 - Avenida Brasil e a pergunta que perturba o país

16 - A.Avbr. D.Avbr. na Teledramaturgia Nacional

17 - As 10 frases mais engraçadas de Carminha

O Impressionante Fôlego do Big Brother Brasil

É possível discutir o gosto pessoal do público. É possível manter a eterna discussão das vantagens e desvantagens de se assistir um Reality Show com formato como o do Big Brother Brasil - atualmente a segunda maior audiência da TV brasileira, perdendo apenas para a novela das 21 Horas. Mesmo quem gosta do programa pode discutir se gostou ou não dos participantes escolhidos para a 13ª edição. Fato inegável é o fôlego deste Reality.

Com 13 edições é raro um programa enfrentar todas as mudanças que a TV passou neste milênio e permanecer intacto, pois o Big Brother conseguiu. É bem verdade que nos últimos anos houve alguns questionamentos sobre o desgaste natural que o show estava enfrentando - a 11ª edição foi a mais questionada neste quesito - mas um dos pontos altos da atual edição que chega ao fim nesta terça-feira é justamente a capacidade de se reinventar e manter o fôlego, mostrando que ainda há um longo caminho de prosperidade para a produção.

Inacreditável pensar que, após tantas edições, era possível surpreender. Pois em 2013 o Reality foi uma sucessão de surpresas. A ideia de recolocar 6 ex-participantes na Casa foi fundamental para alterar a dinâmica do cotidiano da casa e, a começar por isso, já surpreendeu o telespectador. A presença dos brothers conhecidos já ressuscitou torcidas prós e contras e levou o programa a evidência necessária mesmo antes da estreia.

Pessoalmente - e aí é algo muito particular - considero a escolha de todos os participantes bastante inteligente. Embora possa ter odiado alguns em determinados momentos, tudo isso foi por situações do jogo, o que prova que eles marcaram presença. Num Reality Show de confinamento a escolha é equivocada quando um participante passa sem despertar absolutamente nenhum sentimento no telespectador. Amor e ódio caminham juntos e, se conseguiu um dos dois, cumpriu o objetivo. E o programa conseguiu desde a primeira semana com a eliminação de Aline, capaz de criar torcida contra e a favor logo no primeiro dia.

Mas os participantes foram meros coadjuvantes de um show que teve um protagonista: o diretor. Boninho mostrou estar muito afiado no comando deste programa e conhecer bem a linguagem e exatamente a expectativa do público. Com novas regras, interferindo diretamente no cotidiano do jogo, o diretor manteve o programa ligado a 220 por praticamente todos os dias, conseguindo resultados quase épicos em alguns momentos.

Todas as novas ideias da direção funcionaram perfeitamente e serviram apenas para contribuir e manter o foco no programa. E os VTs estavam particularmente deliciosos. Fazia muito tempo que não se via edições tão afiadas ao se criar personagens para os participantes. Especialmente os programas de terça - dia de eliminação - foram muito felizes como há muito tempo não se via. Pedro Bial, o competente apresentador, mostrou a mesma segurança e competência de anos atrás, mas não conseguiu ser o grande destaque diante de uma direção inspiradíssima.

O Big Brother Brasil 13 chega ao fim nesta terça-feira e, independente de como for ao ar o último episódio, ele já deixou sua marca. A marca da reinvenção e que mostra haver possibilidades de muitos anos pela frente de um programa em que pode-se questionar muitas coisas, menos a qualidade de sua realização. Um verdadeiro show.

segunda-feira, 25 de março de 2013

A eterna discussão entre qualidade e audiência fácil

Enquanto houver televisão ou qualquer outro meio de comunicação de massas a discussão será eterna. Debater e refletir sobre o que é produzido na TV brasileira não é tarefa das mais simples e exige uma visão ampla de diversos aspectos sócio-culturais. Fugir do óbvio e tentar contornar o preconceito são as tarefas mínimas para quem tenta entender o processo de produção no mercado televisivo nacional.

Existem, basicamente, dois pontos de vista nessa discussão. O primeiro é o de que a televisão, enquanto entretenimento, precisa levar ao ar exatamente aquilo que aponta ser o caminho natural que agrade seu público-alvo - o telespectador. A forma mais rápida de se descobrir quais os anseios deste público é através dos números de audiência - existem outros mecanismos um pouco mais complexos, mas que não entram na discussão. Ou seja, a forma mais evidente de se descobrir se determinado produto agrada ou não é verificando sua aceitação junto a audiência.

Este ponto de vista é defendido por aqueles que adoram lembrar a invenção do controle remoto. O argumento é de que o público é quem escolhe o que assistir. Se considera determinada produção ruim e de baixa qualidade - seja do ponto de vista do entretenimento ou cultural - ele é o senhor de si e de sua televisão, tendo a opção por escolher qualquer outra emissora. Para os que concordam com este ponto de vista, é preciso oferecer tudo ao telespectador e deixar que ele decida o que quer. Se ele escolheu um show com qualidade questionável, o problema talvez esteja nos críticos, pois a TV é feita para o público, não para a crítica.

Será? Existe um outro ponto de vista a se olhar. De fato, é inegável que TV é basicamente entretenimento - exceção ao jornalismo - e entretenimento é como lazer, quem pratica tem o direito de escolher o que quer. Mas televisão é muito mais que puro entretenimento, ela oferece tendência, faz parte da formação cultural e até moral da população porque atinge uma parcela grande da população. Afirmar que é apenas lazer é ser superficial e simplório demais na análise.

Quem produz TV deve levar em conta a responsabilidade social por trás de todos os produtos que vão ao ar. Essas pessoas são responsáveis por contribuir pela formação das pessoas. A TV aberta fundamentalmente é peça-chave na construção da mentalidade de uma sociedade, principalmente a brasileira em que a educação está muito longe de ser a ideal. O público-alvo da televisão brasileira não possui um senso crítico elevado e, justamente por isso, a responsabilidade de quem produz os shows se torna ainda maior.

Não se pode dar "o que as pessoas querem ver" sob este prisma. É como uma criança inocente que não sabe discernir nada e prefere comer doces o dia todo a ser alimentada de forma correta. Entretenimento que forma uma população doente, que vislumbra a exploração da desgraça alheia e que se diverte com quadros sensacionalista é corrosivo para a sociedade brasileira. Programas como o Teste de Fidelidade e boa parte do Programa do Gugu que continua explorando o caso do anão a exaustão contribuem apenas para formar uma população doente e sem nenhuma formação cultural.

Tanto o Programa do Gugu quanto o Teste de Fidelidade - e são apenas os dois exemplos mais evidentes - prestam um desserviço à sociedade brasileira. É bem verdade que eles vem conseguindo audiência interessante - enquanto o primeiro atingiu a liderança, o segundo é a principal audiência de sua emissora - mas a população brasileira não tem condições de escolher sozinha o que quer assistir, escolhendo com qualidade, é preciso responsabilidade social e esses shows não têm nenhuma responsabilidade. São apenas show de horrores em busca de audiência fácil, ainda que isso contribua para fazer do Brasil um país ainda pior.

Twitter Facebook Adicionar aos Favoritos Mais

 
Tecnologia do Blogger | por João Pedro Ferreira