sexta-feira, 12 de abril de 2013

Rodrigo Lombardi: um talento de sutilezas

Não é de hoje que o Brasil vem se mostrando carente em termos de novos galãs. Os atores que eternizaram personagens estão já na terceira idade e, a priori, torna-se cada vez mais complicados que eles exerçam o papel de galãs. Ainda que consigam e mereçam papéis de destaque por conta do talento e do currículo, é impossível imaginar que, em tramas contemporâneas atores mais velhos possam ser os mocinhos, por isso é necessário a renovação de rostos, mas tentando manter o talento intacto.

Se a renovação masculina mostra-se mais delicada, a feminina já se apresentou com grandes nomes já fixados no imaginário popular e que mostram talentos únicos. Do ponto de vista masculino, poucos são os nomes que conseguem exercer essa função. Murilo Benício é o nome mais forte quando se pensa nisso, mas outros estão surgindo, entre eles, Rodrigo Lombardi.

Muito menos badalado que Benício, Rodrigo Lombardi era um mero coadjuvante desconhecido até ter agarrado uma oportunidade em Caminho das Índias. Com um papel importante, mas coadjuvante, ele construiu um Raj que impressionou pelo carisma e pela construção que emanava domínio de cena, sendo rapidamente elevado ao posto de protagonista e ofuscando Márcio Garcia.

A partir desta oportunidade ele se tornou um nome importante no casting da emissora. Longe de ser considerado de primeiro escalão, certamente o ator foi valorizado porque conseguiu construir um personagem inesquecível e, por conta disso, deveria ser visto com outros olhos e merecia novas oportunidades importantes.

Novamente num papel importante, agora de protagonista desde o início, Lombardi teve o difícil papel de protagonizar a primeira novela das 23 horas, logo num dos papeis masculinos mais icônicos da história da nossa teledramaturgia: Herculano Quintanilha de O Astro, eternizado por Francisco Cuoco na primeira versão da novela original de Janete Clair.

E mesmo assim, o ator não decepcionou. Criando um personagem bem diferente do da primeira versão, ele mostrou-se competente na arte de interpretar e conseguiu apresentar um tipo único, o professor astro ganhou o público sendo muito bem defendido por um ator que mostrava-se cada vez mais maduro e pronto para desafios em sua área.

Agora, em Salve Jorge, na pele do mocinho Théo, Lombardi teve um desafio ainda maior. Defender um protagonista atípico e que certamente seria odiado pelo público, visto que representa todo um ar tradicional e mesmo machista em alguns momentos. Mesmo com tudo isso, o ator novamente mostrou sua competência e soube usar isso a seu favor, fazendo um personagem irresistível. O público ama odiá-lo.

Mas não se trata de um ator que cria tipos. Ele não cria personagens baseando-se em trejeitos, tom de voz ou expressividade - o que também necessita de muito talento para fazer com competência. Ele caminha pelo naturalismo e consegue criar personagens completamente diferentes uns dos outros, mas faz isso pela sutileza, pelos pequenos detalhes. Lombardi priva pelo olhar, pelos pequenos gestos, por construção naturalista e rica.

Por conta de toda essa construção sutil, nem sempre Rodrigo Lombardi é considerado uma explosão em cena - uma injustiça. O ator é um dos nomes mais promissores da Rede Globo e merece um olhar mais aprofundado, pois mostra um talento raro na arte de criar personagens.

1 Quebraram tudo:

Chrystian Wilson Pereira disse...

Concordo com você! Gostei do trabalho desempenhado por ele nos últimos personagens. Não é um ator excepcional, pelo menos não tem se mostrado como tal até agora, mas sabe interpretar com competência. Só acho que ele tem feito muitas novelas, uma seguida atrás da outra, sempre como protagonista ou em papel de destaque (Caminho das Índias, Passione, O Astro e Salve Jorge). Necessita descansar um pouco a imagem.

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