segunda-feira, 11 de março de 2013

Flor do Caribe faz estreia conservadora e incômoda

Estreou nesta segunda-feira a nova novela das 18 Horas da Rede Globo. Com texto de Walter Negrão e direção de Jayme Monjardim, Flor do Caribe entra no ar com o objetivo básico de recuperar a dignidade de audiência do horário, perdido com a exibição de Lado a Lado, que chegou ao fim com apenas 18 pontos de média geral.

A tirar pela estreia é difícil dizer o que pode acontecer com a audiência, absolutamente instável nesse horário, mas a qualidade desta estreia foi bastante duvidosa. O experiente autor Walter Negrão (Tropicaliente, Araguaia) apostou num primeiro capítulo bastante conservador, no melhor estilo anos 90 para tentar cativar o telespectador. Aposta absolutamente equivocada, pois aparentemente, o novelista não percebeu a evolução que os folhetins vem sofrendo ao longo dos anos e este é o primeiro sinal de alerta.

Investindo piamente na apresentação das personagens, mostrando suas características fundamentais e mostrando cenas em que não havia qualquer teor de dubiedade ou reflexão, o roteiro acabou sendo bastante raso e, muito mais do que isso, incomodou bastante. Ao apresentar os protagonistas com todas as possíveis qualidades, além de um amor daqueles de contos de fadas, todos melosos e bobocas e o vilão com olhar macabro e texto pronto, o roteiro desperdiça o tempo com caricaturas desnecessárias, como se o público precisasse de placas e indicativos para localizar os bons e os maus. Não soou nada natural.

A direção acabou se atrapalhando diante de um texto tão óbvio. Os sombreamentos que cobriram as cenas do vilão foram um indicativo de maldade, mas absolutamente sem razão de existir. Da mesma forma como o exagero nas cenas solares do casal protagonista não se fazia necessárias. Autor e diretor transmitiram a sensação de que ambos não confiavam no texto e na sequência de acontecimentos e precisavam encher o capítulo de indicativos para que o público pudesse compreender.

Sobre o elenco principal há muito pouco o que se dizer. Henri Castelli pareceu bastante à vontade no papel de mocinho, mas ainda não transmite segurança, é preciso tempo. Grazzi Massafera deixou a desejar. A atriz apareceu melosa demais nas cenas, exagerando nos olhares e se equivocando completamente no tom de voz. Tão doce que enjoou. Por outro lado, o novato Igor Rickli surpreendeu. Embora ainda estivesse um pouco duro em cena, o autor foi seguro e soube dosar bem seu personagem.

Os destaques, contudo, deste primeiro capítulo, ficaram por conta de dois veteranos. Juca de Oliveira arrasou no papel do judeu atormentado pelas lembranças dos campos de concentração nazistas. Aliás, essa foi, disparada, a melhor história apresentada nesta história. Pode render muito. Sérgio Mamberti encarnando o empresário inescrupuloso também se destacou de forma positiva e roubou a cena sempre que apareceu.

O que chamou a atenção mesmo nesta estreia foram dois pontos. em dez minutos de exibição metade da trilha escolhida já havia sido executada em algum momento e alguns minutos foram separados para cenas longas com tomadas externas de paisagens. Um equívoco completo, pois passa uma triste sensação de que o texto não se segurava sozinho e precisava de ajudas externas para chamar a atenção.

Um capítulo é quase sempre muito pouco para apostar em algo quando se trata de uma obra com mais de 100 exibições, porém, Flor do Caribe deixou uma primeira impressão muito abaixo das expectativas. Nem a belíssima fotografia e as lindas tomadas de paisagens foram capazes de afastar o mau agouro. O conservadorismo em pleno 2013 somente tem a prejudicar um folhetim. É preciso ousadia para que o formato sobreviva e Flor do Caribe parece uma obra parada no tempo, saída dos anos 90, no pior dos sentidos.

3 Quebraram tudo:

FABIO DIAS disse...

Que rápido e com bons argumentos! Concordo com quase tudo.
Só acho o vilão interpretado por Igor Rickly bem cru.

Mas vamos acompanhar né...


Rafael Barbosa dos Santos disse...

Acho cedo demais para se afirmar qualquer coisa, mas acho que Flor do caribe, de fato não apresentou nenhuma novidade, nem surpreendeu. Mas o próprio Negrão, disse que não tem pretensões de revolucionar o gênero, quer mesmo é contar uma boa história, e cumpriu isso apresentando uma história bastante simplista. Realmente o amor dos mocinhos, e o olhar do vilão soaram forçados, mas acho que essa é a pegada da história mesmo, faz parte do estilo, não espero nada além disso. As próprias paisagens foram o ponto de partida para trama, portanto achei natural usarem e abusarem dos belos cenários que são de encher os olhos e o ponto forte da novela. Enfim, Flor do caribe é agradável, assistível, um bom passa tempo de fim de tarde, sem grandes pretensões, não espero nada surpreendente ou revolucionário dessa novela.

Unknown disse...

HJ EU NAO ASSISTI .EU QUERIA SABER OS OLHOS DAQUELE VILAO E NATURAL? EU GOSTO DA GRAZI

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