sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Uma Guerra em tempos de Paz

Desde que começou a ser divulgado que Sílvio de Abreu realizaria o remake de um de seus maiores sucessos dos anos 80, boa parte dos fãs de teledramaturgia ficaram empolgados e intrigados. Realizar uma novela no formato de Guerra dos Sexos parecia um desafio e tanto em pleno 2012. Reproduzir uma história daquelas sem que ela se mostrasse ultrapassada e, por conta disso, descontextualizada, fugindo do interesse do público era, de cara, o grande desafio do novelista.

Desde o primeiro momento em que entrou no ar, contudo, ficou claro que o remake havia sido um equívoco. Apesar de um primeiro capítulo atraente e que conseguiu chamar a atenção, a todo instante parecia claro:  o tema proposto era datado. Independente da trama atual ser ou não ser uma mera reprodução da obra original, o tempo todo está claro que o telespectador não se vê na guerra proposta pelo folhetim.

Sílvio de Abreu errou ao criar uma história cujo eixo girava em torno da briga entre homens e mulheres pelo poder. Ainda que haja personagens femininos fortes e modernos, o fato delas se rebaixarem para tentar mostrar aos homens que são iguais a eles e também o fato de personagens masculinos tentarem o tempo todo mostrar virilidade e controle sobre o sexo oposto é uma discussão tão sem nexo para este tempo que afugentou o público.

Ainda que o autor tenha dito em entrevistas que não mudaria o texto da obra por conta do fraco desempenho na audiência não é o que se tem visto nos mais recentes capítulos que foram ao ar. O que se percebe é que a bandeira branca da paz está tremulando no enredo da novela das 19 Horas. A declarada guerra entre os sexos que era o eixo central da história foi posta completamente de lado, dando vazão ao que existe de mais folhetinesco e melodramático. Se antes, de cada duas cenas, uma era focada na disputa entre homens e mulheres, hoje, isto ocorre em uma cena a cada dez que vão ar.

O enfoque da novela mudou, apostando no apelo emocional do telespectador, o experiente autor criou uma rede de relacionamentos amorosos na busca pela torcida do público - e quando há torcida, automaticamente há fidelização. Ainda que não esteja muito claro quem é, de fato, apaixonado por quem, esta longa rede de relacionamentos que liga diversos personagens da obra, é infinitamente mais atraente e interessante que o confronto datado entre homens e mulheres.

Guerra dos Sexos que tinha um desempenho sofrível em qualidade, deu uma guinada, embora ainda esteja longe de ser uma trama solar e atraente como sua antecessora, já é possível manter o interesse em algumas histórias. Mesmo que muitos do elenco continuem equivocados na composição de suas personagens e, também, haja um erro contínuo da direção, ao menos o enredo se tornou um ponto para criar esperança de que haja ali alguma história interessante. Não há mais guerra, há paz e amor.

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