quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lado a Lado e a triste constatação

Um dos principais equívocos dos críticos ao escrever sobre teledramaturgia é individualizar a análise e, por conta disso, diminuir o tamanho da discussão que poderia ser bem mais amplo. É evidente que leva algum tempo para se notar e caracterizar mudança comportamental do telespectador. Tratado como simples agente passivo no processo industrializado que é a telenovela, o público vem mostrando que não é bem assim, pois cabe a ele determinar o sucesso ou fracasso de determinado produto.

Tratada até o momento como uma das obras mais cults dos últimos anos no horário das 18 Horas, Lado a Lado também é inegavelmente o principal fracasso histórico do horário. É difícil enxergar alguém que consiga encontrar pontos negativos no folhetim que preza pela qualidade textual, pelos bons diálogos, boa direção e elenco acertado. O que, numa análise mais simplista, torna-se praticamente inviável justificar o fracasso.

E aí começa-se a especulação menos inteligente. Ao dizer pura e simplesmente frases como "a novela é inteligente demais para o público brasileiro" é ignorar diversos elementos que precisam ser levados em conta - não significa também que a frase seja errônea, mas simplista. Talvez, confortavelmente de seu sofá, o crítico pode se dar ao luxo de dizer isso, mas a falta de reflexão sobre isso é prejudicial na discussão.

Lado a Lado não tem um problema que a marque como fracasso. Ela aponta um problema da teledramaturgia atual que já vinha se delineando e, com esta obra, fica ainda mais claro. Grandes sucessos do início do milênio como Sinhá Moça e Cabocla e também em outros horários como Laços de Família e Páginas da Vida ou até sucessos do milênio passado como O Rei do Gado certamente estariam fadadas ao fracasso fossem exibidas originalmente nestes últimos tempos.

A afirmação acima pode parecer equivocada, pois trata algumas obras que se tornaram clássicas na memória afetiva do telespectador, mas é a síntese do problema que acomete a teledramaturgia e ninguém parece se aperceber. O público das telenovelas mudou. A geração que assiste folhetins não é a mesma dos anos 90 e início deste milênio. Talvez as pessoas sejam, mas a modernidade as mudou de tal forma que não há mais retorno.

Fracassos de novelas como A Vida da Gente, Araguaia - mesmo Viver a Vida com todos os seus equívocos - e agora Lado a Lado dão o alerta para isso. O público não se importa se o texto é uma obra prima. O telespectador não está interessado em diálogos cheios de referências e que prezam exclusivamente pelo alto teor intelectual. Quem vê telenovela não dá importância maior a uma direção cinematográfica. Um elenco de qualidade recheados de bons nomes também não é garantia de sucesso. Se a trama é arrastada, tem ritmo próprio, ela recebe o carimbo do fracasso.

Parece claro, com Lado a Lado, que novelas lentas, que desenvolvem sua história de forma calma, quase bucólica, não estão, mas já perderam completamente espaço na TV brasileira. A bem da verdade é que a Rede Globo ainda não se deu conta disso, mas o telespectador já deu seu veredito e não aceita mais este tipo de postura. O público - acostumado a receber informações em tempo real nos idos da internet - não aceita mais uma história tranquila que se arrasta por meses e meses primando mais pelo diálogo do que pelos ganchos.

A constatação é triste, pois uma novela lenta não é necessariamente ruim, ao contrário, e a atual novela das 18 Horas é a prova do momento. Um dos textos mais corretos dos últimos anos no horário, certamente o melhor elenco reunido para o horário em tempos, mas nada disso é suficiente para chamar a atenção do público, simplesmente porque o ritmo da história é de fazenda e o telespectador brasileiro quer, para a TV, um ritmo de metrópole.

Os grandes sucessos das telenovelas brasileiras nos últimos anos foram exatamente assim. Cordel Encantado ficou marcada pelas suas viradas e ganchos que chamavam o telespectador diariamente para acompanhar sua história. Cheias de Charme provocou burburinho no público justamente por conta de seus muitos acontecimentos inovadores. Avenida Brasil se transformou num sucesso retumbante de audiência e repercussão graças ao ritmo alucinante empregado pelo autor.

É impossível tanto aos autores, quanto aos diretores, à cúpula de dramaturgia das emissoras e também aos críticos ignorar este fenômeno. Acabou o espaço para novelas lentam. O público quer agilidade. O público tem pressa. A situação de Lado a Lado grita aos ouvidos de todos os envolvidos: não adianta insistir, o telespectador quer conhecer toda a história em um capítulo. É preciso contar uma história por dia, se as novelas não quiserem fracassar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Troféu TVxTV: Os Vencedores dos Internautas

Chegou o momento de revelar os vencedores da 4ª edição do Troféu TVxTV pelos internautas. Em praticamente um mês de votação, esta foi a edição que registrou o maior número de votos históricos, mostrando que o público está cada vez mais ligado e conectado. Prova de que a TV e a Internet pode coabitar sem grandes dificuldades.

Nos próximos dias divulgaremos também o resultado do Júri Técnico em que 50 jurados elegeram os melhores em cada categoria. O resultado dos Internautas mostram a paixão do público pela teledramaturgia nacional e também que os fãs votaram em peso nos seus ídolos. Confira o resultado.

Melhor Série: Tapas e Beijos (Rede Globo)

Minissérie ou Filme para a TV: Dercy de Verdade (Rede Globo)

Atriz Dramática em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Fafy Siqueira, como Dercy Gonçalves em Dercy de Verdade (Rede Globo)

Ator Dramático em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Cássio Gabus Mendes, como Valdemar em Dercy de Verdade ( Rede Globo)

Atriz Coadjuvante Dramática em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Rosi Campos, como Bita Gonçalves em Dercy de Verdade ( Rede Globo)

Ator Coadjuvante Dramático em Série, Minissérie ou Filme para a TV: José Wilker, como Floriano Pedreira em O Brado Retumbante (Rede Globo)

Atriz Comédia em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Fernanda Torres, como Fátima em Tapas e Beijos (Rede Globo)

Ator Comédia em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Eduardo Moscovis, como Leonardo em Louco por Elas (Rede Globo)

Atriz Coadjuvante Comédia em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Glória Menezes, como Violeta em Louco por Elas (Rede Globo)

Ator Coadjuvante Comédia em Série, Minissérie ou Filme para a TV: Flávio Migliaccio, como Chalita em Tampas e Beijos (Rede Globo)

Novela: Avenida Brasil (Rede Globo)

Atriz Dramática em Novela: Adriana Esteves, como Carmem Lúcia em Avenida Brasil (Rede Globo)

Ator Dramático em Novela: Murilo Benício, como Jorge Tufão em Avenida Brasil (Rede Globo)

Atriz Coadjuvante Dramática em Novela: Ana Beatriz Nogueira, como Eva Fonseca em A Vida da Gente (Rede Globo)

Ator Coadjuvante Dramático em Novela: José de Abreu, como Nilo em Avenida Brasil (Rede Globo)

Atriz Comédia: Cláudia Abreu, como Chayene em Cheias de Charme (Rede Globo)

Ator Comédia em Novela: Ricardo Tozzi, como Fabian e Inácio em Cheias de Charme (Rede Globo)

Atriz Coadjuvante Comédia em Novela: Titina Medeiros, como Socorro em Cheias de Charme (Rede Globo)

Ator Coadjuvante Comédia em Novela: Juliano Cazarré, como Adauto em Avenida Brasil (Rede Globo)

Ator ou Atriz Mirim: Mel Maia, como Rita em Avenida Brasil (Rede Globo)

Revelação: Cláudia Protásio, como Zezé em Avenida Brasil (Rede Globo)

Participação Especial: Cláudia Assunção como Neide em Avenida Brasil (Rede Globo)

Melhor Roteiro em Novela: Avenida Brasil (Rede Globo)

Melhor Direção em Novela: Avenida Brasil (Rede Globo)

Melhor Fotografia em Novela: Avenida Brasil (Rede Globo)

Melhor Figurino em Novela: Cheias de Charme (Rede Globo)

Melhor Elenco em Novela: Avenida Brasil (Rede Globo)

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