sexta-feira, 2 de março de 2012

A Vida da Gente: Uma crônica sombria das relações Humanas

Chegou ao fim ainda há pouco a novela das 18 Horas da Rede Globo. Lançando uma nova autora no cenário nacional, A Vida da Gente, iniciou-se com o objetivo de segurar a impressionante audiência conquistada por sua antecessora, Cordel Encantado. Desde o início, contudo, apesar das excelentes críticas, ela não demonstrou força para segurar índices satisfatórios e chega ao fim como a segunda menor audiência da História do horário, nos números da Grande São Paulo.

Analisar o todo de A Vida da Gente é dividi-la em quatro fases distintas. Sua primeira metade em que a autora construiu uma das histórias mais emocionantes, delicadas e reais de que se teve notícia. Toda a linha narrativa para a construção das protagonistas Ana (Fernanda Vasconcellos, em seu melhor trabalho) e Manuela (Marjorie Estiano, dando outro show) foi tênue, densa e bem proposta. Neste período, mesmo com o coma da protagonista, a história caminhou com a mesma qualidade e o público aceitou a condução das tramas. Foi o melhor momento da novela na audiência.

A segunda fase se deu justamente após a volta do coma de Ana. Sem conseguir manter a toada, Lícia Manzo colocou sua obra em banho maria e, por mais de três semanas, a novela simplesmente não saiu do lugar. Usando o artifício de narração e orelhas - em que personagens reclamam com outros, para dar a chance do público entender os conflitos internos - a novela se sustentou nesta fase exclusivamente nos diálogos, sempre de qualidade, mas que não conseguiriam prender a atenção por tanto tempo. O público fugiu porque parecia não haver história.

A reta final pode ser caracterizada como a terceira fase. Com duas últimas semanas eletrizantes, cheia de viradas, situações constrangedoras para as personagens, o folhetim se reencontrou e brindou o telespectador fiel com excelentes sequências. Mas, este foi o período mais duro da obra. Sem que nenhuma personagem estivesse feliz ou realizado, a novela tornou-se sombria, uma crônica de vidas deprimidas, infelizes e imperfeitas. Com o peso emocional intenso, o público rejeitou a proposta e não houve mais acúmulo de audiência.

A última fase deu-se exclusivamente neste último capítulo. Como bem descreveu um usuário do twitter, o que se viu não foi um último capítulo, foi um epílogo da história. Exagerando no recurso da narrativa, exibindo um grande resumo de toda a história para justificar o desfecho das protagonistas, o capítulo foi moroso, sonolento e não atraiu. Sem que os acontecimentos fossem vistos por situações, mas sempre através de um narrador - ora o Rodrigo, ora a Ana e até a Iná, a narradora oficial - foi impossível se conectar e a beleza da história se perdeu no distanciamento da narrativa.

Há quem preferisse Ana e Rodrigo. Eu era do time Manu e Rodrigo, mas isso é questão de gosto. Na visão do último capítulo, nem as escolhas das protagonistas por seus parceiros conseguiram emocionar. Aliado a isso, o clichê de dialogar com a música-tema e de transformar a história da novela num livro, foi piegas e bastante desagradável.

Mesmo com um fim que mancha sua trajetória, A Vida da Gente cumpriu seu papel de fazer uma corajosa narrativa do cotidiano da nova família brasileira. Uma narrativa um tanto quanto sombria, é bem verdade, uma visão extremamente pessimista, mas com um perfil emocional tão forte que era impossível não se identificar. E serviu para algo mais importante, lançar um novo nome no cenário da dramaturgia: Lícia Manzo.

Realidade ou sonho? A Vida da Gente ou Cordel Encantado?

Sai de cena nesta sexta-feira a novela das 18 Horas, A Vida da Gente. Obra de Lícia Manzo, a produção estreou cercada de expectativa, pois tinha como um dos objetivos manter a qualidade e audiência conquistada por sua antecessora, Cordel Encantado, uma das obras mais vencedoras e que agradaram a todos nos últimos anos.

Nos números de audiência, o folhetim não conseguiu segurar os resultados. Fecha sua participação com média de modestos 22 pontos em SP e 24 pontos no PNT - Painel Nacional de Televisão - em SP são 04 pontos a menos que a novela de Duca Rachid e Thelma Guedes e, no país todos, 06 pontos a menos. Porém, é indiscutível que, em repercussão ambas foram muito fortes e conseguiram espaço, além de quase nunca haver críticas negativas.

O problema começa, contudo, na hora de fazer uma escolha. Qual das duas foi uma novela melhor? A resposta passa pelo gosto individual de cada um, porém, é possível analisar tecnicamente a composição artística de cada uma. Para isso, porém, é necessário se despir de fanatismo e deixar o gosto pessoal de lado, sem tentar pender para a preferida.

Ambas as tramas mostraram-se extremamente competentes quando o assunto é fotografia. Se Cordel Encantado chamou a atenção por uma película cinematográfica bem composta, com imagens esforçadas em cada situação, A Vida da Gente foi uma novela cheia de vida na fotografia. Cores fortes, mas sem pesar na visualização, sempre delicada, deram o tom correto. A ousadia da primeira lhe dá pequena vantagem.

A direção firme também foi uma marca de qualidade dos dois trabalhos. A Vida da Gente teve direção de cena delicada, construída no realismo e com ângulos tradicionais de filmagens e marcação de cena. Já Cordel Encantado ousou mais e permitiu uma liberdade maior para seu elenco, o que era necessário pelo apelo da história. O trabalho de direção de Cordel chamou mais a atenção.

O roteiro é mais complexo de se analisar. A Vida da Gente foi uma novela bem mais estática. A trama não caminhou apoiada na situações ou nas viradas, o apoio de sua história se dava nos diálogos extremamente sensíveis e bem construídos. Se nos diálogos Lícia Manzo mostrou-se imbatível, nas sequência há uma clara vantagem para a dupla de Cordel Encantado. Com diversas viradas em seu roteiro e acontecimentos eletrizantes, o folhetim não sofreu tanto com barriga, o que a atual trama das 18 Horas sofreu por diversos momentos. Parece, contudo, ponto pacífico que o roteiro da atual obra é mais amarrado do que a anterior.

No elenco, Cordel Encantado teve como ponto forte a homogeneidade do trabalho. Os destaques individuais chamaram a atenção pela composição leve e bem construída das personagens e os protagonistas funcionaram muito bem, com destaque para Bruno Gagliasso em um momento bastante feliz. Enquanto isso, A Vida da Gente teve destaques diversos. A dupla de protagonistas roubou a cena, Marjorie Estiano mostrou uma maturidade impar e Fernanda Vasconcellos cresceu muito neste trabalho, seu melhor na TV. Um elenco mais maduro dá vantagem nesta área para a crônica da vida real.

Ou seja, numa análise fria, tanto A Vida da Gente quanto Cordel Encantado tiveram vantagem uma sobre a outra em determinada parte da avaliação. Cordel Encantado foi uma trama que permitiu ao telespectador sonhar, divagar e mergulhar num universo de fantasia. A Vida da Gente foi fincada com os dois pés na realidade e permitiu que o telespectador se emocionasse com os golpes que o destino dá a cada um. Se há uma vantagem para a antecessora, é por ter funcionado mais como novela e por ter conseguido ousar um pouco mais.

Ainda hoje, após a exibição do último capítulo, tem a análise completa de A Vida da Gente

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um ano fundamental para a Band

A TV Bandeirantes sempre foi conhecida como o "canal do esportes". A própria emissora se vangloriava disse na década de 90 utilizando exatamente este termo em seu slogan. Sem grandes pretensões no cenário de audiência, a proposta sempre foi chegar ao público através dos variados esportes e, assim, conquistar um telespectador fiel, mesmo que pequeno.

No início dos anos 2000 esta histórica estratégia foi desmantelada pela própria direção que, entendeu não haver mais espaço para tanto esporte numa emissora de TV aberta. Talvez essa leitura do cenário moderno televisivo seja absolutamente correta, o grande problema é que a mesma direção não se preparou para criar uma nova identidade e tornou a Band um canal esquizofrênico e sem nada para se apoiar. O telespectador percebeu e se afastou, colocando em risco, inclusive, o 4º lugar na lista de audiência diária.

Porém, uma nova década começou no ano passado e, aos poucos, a emissora começou a se reconstruir. Com uma identidade mais jovem, atrativa e com diversos programas diferentes do que se vê no cotidiano das outras Redes de TV aberta do país, a Band apresentou uma proposta interessante para a audiência e, agora em 2012, dá prosseguimento a este trabalho, já começando a aparecer no cenário.

Programas como CQC, A Liga e P 24 começaram a chamar a atenção da audiência por serem peças com nuances diferentes do que se via na TV aberta. A proposta acertada recolocou a emissora no centro das atenções e na disputa por números importantes de audiência. Em 2012, apenas em dois meses, a emissora conquistou a atenção da mídia e do público - talvez sendo a emissora mais falada do ano - em duas ocasiões.

Na primeira, com o excelente Reallity Show Mulheres Ricas. Um dos grandes acertos da TV brasileira em 2012 e que vem conseguindo ótimos resultados. Agora, em fevereiro, a emissora voltou a chamar a atenção com a contratação do humorístico Pânico na TV. Certamente a maior contratação do grupo em muitos anos e que vai ampliar sua audiência dominical.

Ainda que a Band continue no 4º lugar de audiência e com problemas crônicos em sua grade - como a venda de horário no Primetime diário para uma Igreja - a identidade jovem e subversiva da emissora vem sendo construída aos poucos. A série 24 Horas, uma ótima opção, encaixada as 21 Horas na grade da emissora, caminha para dialogar com este público mais jovem, assim como o programa popularesco Muito Mais.

Os resultados de audiência ainda não são gigantes, mas com paciência e mantendo a construção de uma identidade própria, certamente a Band vai se recolocar na briga por uma posição melhor. A atenção do telespectador ela conseguiu, mantendo um bom espaço na mídia, o que precisa agora é manter este telespectador atento a seus programas e, para isso, a qualidade precisa ser preponderante se quiser alçar voos maiores em 2012.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Globo renova acordo com FIFA e Record chora

A Rede Globo surpreendeu a todos, mídia, telespectadores e, principalmente a concorrência, ao anunciar de forma inesperada a compra dos direitos de transmissão das Copas do Mundo de Futebol de 2018 e 2022. Com isso, a emissora continua como a única detentora de transmissão do maior evento esportivo do mundo nas próximas três competições.

Pouco depois do anúncio da emissora carioca, sua principal concorrente no país, a Rede Record, anunciou que está estudando entrar na Justiça contra este acordo, visto que não houve Licitação ou Abertura de Concorrência e, desta forma, se caracterizaria como monopólio. A tentativa da emissora da Barra Funda é frustrar os planos da concorrente e tentar adquirir estes direitos, velho sonho nunca realizado.

Mas, quem acompanha todo este universo sabe que tudo não passa de jogo de cena da Record. Não há qualquer possibilidade de uma ação como esta vingar na Justiça porque não se trata de monopólio. No próprio site da FIFA está a explicação simples para a questão. O contrato entre FIFA e Rede Globo foi apenas prorrogado, como estava previsto no contrato após a última licitação vencida pela emissora da família Marinho.

Até os mais leigos sabem que, se há uma cláusula de renovação preferencial de contrato entre duas partes, não há necessidade de abertura de licitação ou concorrência, basta com que as envolvidas manifestem o interesse nesta renovação. Como a transmissão da Copa do Mundo de Futebol é vendida pela FIFA através de pacotes, a Rede Globo conseguiu garantir mais duas transmissões, além da Copa do Brasil, que já lhe é exclusiva.

A Rede Record cabe fazer o que ela faz de melhor. Ir a público se dizer perseguida e que a Rede Globo voltou a aplicar o monopólio, ou seja, enganando o próprio telespectador, mesmo sabendo que não há qualquer tipo de monopólio numa situação assim. É o típico choro de perdedor numa emissora acostumada a praticar o anti-jornalismo quando seus desejos estapafúrdios não são cumpridos. 

A qualidade do público que vê TV

Uma das funções básicas da crítica é produzir análise de diferentes produtos nas mais diversas áreas em que se é possível enveredar para este trabalho - e eles são diversos. Especificamente na TV, analisar a programação dos canais de televisão aberta do Brasil não é uma tarefa simples por se tratar de um campo em que a criatividade não é a melhor opção. O que mais se vê são programas reciclados e livremente inspirados em outros produtos, mais antigos ou mesmo atuais. Mas isso é espaço para outra crítica.

Um dos pilares para que qualquer show televisivo funcione é a qualidade do telespectador. Praticamente nenhum crítico tenta enxergar a qualidade do público, quase sempre ele é considerado o "deus" da TV e que todas as suas decisões são onipotentes, pelo simples fato de estarem com posse do controle remoto. De fato, a audiência é onipotente, mas não é imune a erros.

O telespectador mediano brasileiro dá provas disso todos os dias. Num país em que a televisão aberta é, sem qualquer sombra de dúvidas, uma das mais pobres do mundo - por isso a única com uma programação aceitável exerce a liderança disparada na audiência - o público se permite não apenas assistir, mas repercutir e se tornar fieis de programas de gosto duvidoso.

Programas que mantém o nível no ponto mais baixo possível e que exploram a desgraça humana sem qualquer piedade, além de não deixar de exibir sensacionalismo na máxima potência - e esse tipo de programação é maioria nas emissoras nanicas - ficam no ar por anos a fios, com audiência bastante aceitável e, as vezes, conseguindo picos com números que impressionam.

O mesmo público que rejeita propostas inovadoras e de qualidades, como Norma, exibido pela Rede Globo, é aquele que aprova e mantém no ar shows de horrores como esses programas policiais que ultrapassam o limite do ridículo. Se estes programas estão abaixo da crítica, qual seria a medida de auto-análise do telespectador que se dispõe a sintonizar as emissoras no momento em que uma programação assim está no ar?

Programa bom não é o programa que dá audiência. Programa ruim que dá audiência é apenas uma amostragem de que o brasileiro ainda está muito aquém do mínimo necessário para escolher com inteligência sua programação de TV. Falta cultura e, muito mais do que isso, falta disposição do público para adquirir o mínimo de cultura. Se a TV brasileira é ruim, certamente é porque o telespectador brasileiro é ainda pior.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Horário de Verão e a dificuldade da Globo

Chegou ao fim no último domingo o Horário de Verão brasileiro. Controverso, o horário é uma determinação do Governo Brasileiro a fim de economizar energia elétrica no período de forte calor, mantendo o dia mais claro por um período maior de tempo. Independente de se posicionar contra ou a favor do horário, o brasileiro adquire novos hábitos nestes meses e a principal emissora da TV brasileira enfrenta uma crise para enfrentar este tempo.

Os meses em que o país está no Horário de Verão são, sem nenhum sombra de dúvidas, os mais problemáticos em audiência para a Rede Globo. Suas produções perdem fôlego e audiência e quase nunca conseguem atingir a meta estipulada pela cúpula da emissora. O problema começa a se agravar ainda durante o dia, com os filmes da Sessão da Tarde, mas se tornam gritantes principalmente no horário de Malhação e das novelas das 18 Horas.

É bem verdade que o share - número de televisores ligados - cai vertiginosamente neste horário durante o Horário de Verão, mas também é verdade que todas as outras emissoras mantém seu público e sua audiência mantém-se estável, apenas a Rede Globo perde até 20% de sua audiência média nos outros meses na comparação com o mesmo horário.

Já foram realizadas diversas pesquisas para se tentar compreender o perfil do público que está diante da TV e o que motiva a fuga do telespectador neste período. A única justificativa apresentada até o momento é que o forte calor, e o fato de ainda "ser dia" mantém a audiência com a TV desligada. Não parece uma resposta aceitável para a crítica e também para os anunciantes. É preciso um olhar mais apurado para este período e entender o que acontece.

É impossível concluir que apenas o telespectador da Rede Globo sente calor e ainda mais absurdo acreditar que apenas o público da emissora prefere não estar em casa neste horário. É bem verdade que, quanto maior sua audiência, maior a possibilidade de queda com um share menor, porém, ser a única afetada é um alerta para se discutir o problema.

Enquanto os executivos da Rede Globo tratarem com naturalidade essa queda abusiva de seus produtos durante o Horário de Verão é impossível acreditar que haja qualquer possibilidade da emissora engatar duas novelas das 18 Horas seguidas na meta e também parece impraticável acreditar numa média aceitável para uma temporada de Malhação que enfrente este horário. Somente uma visão ampla da situação poderá resolvê-la.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Teaser de Avenida Brasil apresenta duas repetições

É óbvio que na TV tudo se copia. Quando se trata de telenovelas então, a dificuldade de se criar algo totalmente novo para uma dramaturgia tão longa como a da TV não é tarefa fácil. Não que seja diferente na literatura, cinema ou teatro, ainda mais antigos. Porém, é muito difícil enxergar um novo tema, um novo formato ou uma nova linguagem para as telenovelas. 

O que garante a qualidade de um folhetim, normalmente, é sua condução criativa e inovadora. Se o formato é quase sempre congelado e os temas praticamente todos já foram utilizados, a forma como se leva isso ao ar é o diferencial, portanto, é impossível assistir a um teaser e definir se este trabalho será bom ou ruim, até porque, inspirar-se em algo que já houve não é necessariamente ruim, é preciso enxergar os elementos que diferenciam uma obra da outra, para aí sim, apontar qualidades ou defeitos.

Ainda assim, após o lançamento do excelente teaser da próxima novela das 21 Horas, de João Emanuel Carneiro, Avenida Brasil, foi possível perceber alguns pontos importantes. O primeiro e, talvez, principal deles, é a criatividade da produção em criar um teaser instigante e que já mexe com a imaginação do telespectador desde o primeiro momento. Um dos melhores trabalhos dos últimos anos neste segmento.

Porém, é impossível deixar de perceber outros pontos. Um deles é o conceito. O conceito de criação do teaser é idêntico ao criado pela mesma produção na novela anterior do mesmo autor, A Favorita. Protagonista falando sobre sua versão da premissa. O diferencial é que em A Favorita precisou de duas personagens, pois não sabia-se quem era a protagonista e quem era a vilã, agora, em Avenida Brasil, a mocinha fala da vilã.

E outro ponto é a semelhança da premissa com uma obra de sucesso nos EUA. A mocinha que foi enganada pela vilã e agora fará ela pagar. No teaser, a narração pergunta "até onde você iria pela justiça?", mas seria possível substituir a palavra justiça por vingança. A premissa, portanto, é bastante próxima da série americana Revenge

Todos estes pontos não tiram a qualidade do teaser e muito menos desabonam o autor em seu trabalho. João Emanuel Carneiro já mostrou-se um grande autor, mas terá que lidar com as comparações e o diferencial é que o levará a fazer com que todos esqueçam da série americana. O tempo dirá.

Confira o teaser de Avenida Brasil:

Domingo na TV: Domingão do Faustão

E o blog continua sua saga em busca de analisar os programas que vão ao ar no domingo nas principais emissoras de TV aberta do país. Tarefa que, a princípio, pode parecer simples, mas ao se pensar que tratam-se de programas com muitas horas no ar, o exercício se transforma em algo hercúleo, pois não é fácil manter-se tanto tempo diante da TV - e este é um ponto que deveria ser analisado pelos diretores de tais emissoras.

Neste texto, o alvo da análise é o programa Domingão do Faustão, da Rede Globo. Um programa que tem uma vertente tão grande do elenco estelar da emissora precisaria utilizá-la para conseguir manter-se no ar com a concorrência no dia mais difícil na briga pela audiência. E o Domingão faz isso, ainda que de forma sutil, mas com correção.

A presença de João Maurício e Laisa logo como primeiro quadro da noite foi fundamental para que não houvesse grande migração de telespectadores após o futebol. Essa estratégia da direção do programa, mostra que há uma produção que pensa no todo e entende de televisão. E, na prática, funcionou bem porque Faustão sabe extrair o melhor de seus convidados. Mesmo enfrentando uma pessoa tímida e sem carisma, como João Maurício, toda a entrevista ficou leve e divertida graças ao apresentador. Com Laisa, bem mais a vontade, tudo fluiu ainda melhor. A ideia de levá-la para as ruas, a fim de conversar com o público que a criticava foi ótima e funcionou muito bem. Rendeu ótimos momentos.

O quadro De Cara com a Fera tem uma premissa extraordinária, mas que, ao menos neste domingo, não foi utilizada em sua potencialidade. Apesar das três crianças serem, de fato, feras e a ideia de vê-los desafiando adultos num universo que, teoricamente, os adultos seriam melhores, o quadro mostrou-se arrastado. Talvez não seja o caso de um quadro assim ocorrer no palco, mas ter externas gravadas para dar maior dinâmica e sem perdas de tempos com didatismo. Mas não é um quadro que desperdiça o tempo, precisa apenas de algumas correções.

Se Vira nos 30 impressiona. Um quadro que está no ar há tanto tempo não demonstra nenhum sinal de cansaço ou desgaste. Isso porque a produção o leva a sério e seleciona figuras emblemáticas do cenário nacional. Um quadro assim somente funciona quando os participantes são bizarros, mas vão além disso, conseguem divertir através de suas bizarrices. E é isso que se vê nos 30 segundos de cada apresentação. E com a característica peculiar de Faustão, improvisando o tempo todo, tudo fica ainda melhor.

A atração musical nunca é dispensável. Um programa de auditório dominial, para prender o público precisa ter uma atração musical de peso, pois a música ainda é um dos grandes elementos televisivos de sucesso na mídia. A escolha do programa na semana com a presença da banda Bom Gosto rendeu bons momentos nas entrevista e música que animou a plateia e, consequentemente, a audiência.

As vídeo-cassetadas também impressionam pelo tempo no ar e a falta de desgaste. Um dos pioneiros em mostrar vídeos num programa dominical - estratégia copiada por praticamente todos os programas no ar atualmente - no Domingão funciona porque são vídeos que não foram filmados para se colocar na internet, mas são situações tão verossímeis que é impossível não se divertir.

Se os quadros apresentam bastante qualidade e leveza, Domingão do Faustão ganha muito com o excelente apresentador que tem. Um programa que está no ar no domingo, dia de maior concorrência na TV, há duas décadas e sempre conseguindo se inovar para continuar na disputa - e liderando com relativa folga - depende de um apresentador competente. Fausto Silva é um comunicador nato e improvisa muito bem, mantendo sempre o alto astral e a principal característica de seu programa, que é a naturalidade. Incrível como todas as entrevistas fluem naturalmente quando conduzidas por ele.

O Domingão do Faustão mostra-se uma opção de entretenimento leve, sem nenhuma pretensão, mas que funciona muito bem para toda a família. Olha para a audiência com um olhar de respeito e, consegue reunir a família diante da TV justamente por optar por um público que não busca baixaria e apelação. Uma ótima opção.

Twitter Facebook Adicionar aos Favoritos Mais

 
Tecnologia do Blogger | por João Pedro Ferreira