domingo, 9 de dezembro de 2012

Roteiro atrapalha que Lívia seja, de fato, vilã

É visível, quase palpável, a significativa melhora de Salve Jorge nas últimas três semanas. Desde o momento em que o texto começou a preparar as situações para que o núcleo mais chamativo - o do tráfico de mulheres - se encontrasse com o núcleo principal, ao colocar Morena (Nanda Costa) como uma das traficadas, a novela entrou de vez nos eixos e, a cada capítulo, só melhora, mesmo nos outros núcleos que parecem melhor organizados.

Contudo, quem parece se manter fora dos eixos da linha narrativa do folhetim é a principal vilã da história, Lívia (Cláudia Raia). Uma enxurrada de críticas respingou na atriz desde a estreia, o que eu discordo. Cláudia vem bem no papel desde sua primeira cena, contudo, é preciso observar que o texto não colabora com ela desde o primeiro momento e, aparentemente, a situação só piora. Ao que parece, houve um erro de cálculo de Glória Perez, autora da obra, e também da direção no momento de criar as nuances de Lívia para que ela fosse tida como a grande vilã dessa obra.

Num primeiro momento, a chefe da quadrilha de tráfico de mulheres foi pintada da forma correta. Uma mulher que não suja as mãos, apenas comanda uma importante e internacional rede de tráfico de pessoas, mulheres para prostituição e venda de bebês. Porém, Lívia nunca foi colocada em situações que realmente a mostrassem com o poder que lhe cabia. Sempre circulando entre os ricos e bondosos da novela com frases de efeito para mostrar que ela é sem escrúpulos, a personagem mais falava do que fazia. Quando contracenava com Wanda (Totia Meirelles), ela se mostrava mais amiga do que chefe. Erro do texto, não da atriz.

Aparentemente - e é impossível afirmar com certeza sem ouvir a autora - percebeu-se que Lívia estava sendo deixada de lado por Wanda, a verdadeira vilã da novela até o momento - também graças ao brilhante trabalho de Totia - e essa semana algumas cenas diferentes começaram a ir ao ar. Se foi mudança no perfil do texto ou não, não importa, ocorre que a tentativa de corrigir um erro acabou criando outro, muito pior e que descaracteriza a personagem.

Cenas dessa semana mostraram Lívia indo buscar dois bebês, dirigindo por praticamente todo o Rio de Janeiro com esses bebês no carro, levando-os para seu quarto num importante hotel, passando a noite cuidando das crianças para, no fim, entregá-los aos pais adotivos que compraram as crianças traficadas. Toda a intenção dessa sequência foi claramente para mostrar o caráter vilanesco da personagem e fazer com que o público a odeie, tal qual odeia Wanda. Tiro no pé.

Lívia, como líder dessa Rede Internacional de Crimes, jamais poderia ser colocada em situações assim. Numa comparação estapafúrdia, seria como Fernandinho Beira Mar ir a um Morro qualquer, parar num beco e ficar vendendo drogas. Não funciona assim. O líder de uma Rede deste nível jamais se exporia a uma situação assim e tudo soou tão falso, tão mentiroso, que piorou a situação de Lívia junto ao público.

A personagem precisa urgentemente de uma identidade. Ela precisa ser tida como uma entidade superior, intocável e que comanda toda a Rede com mão de ferro. Para isso, é preciso que a autora crie situações de liderança, que obriguem Lívia a mostrar sua autoridade junto a seus funcionários. Uma das poucas cenas realmente convincentes da personagem, foi a ousadia de colocar uma câmera para saber tudo que ocorre no escritório de advocacia para descobrir se era investigada. São de situações assim que a vilã precisa para ser vista como a poderosa líder. Do contrário, ou ela fica descaracterizada ou a tendência é continuar à sombra de Wanda.

1 Quebraram tudo:

mani67 disse...

Acho a Claúdia muito artificial não sabe fazer vilã,quando faz comédia acaba cansando depois de um tempo,exagerada!!!!Além disso a novela é chata com um casal de protagonistas mais chato ainda.

Postar um comentário

Twitter Facebook Adicionar aos Favoritos Mais

 
Tecnologia do Blogger | por João Pedro Ferreira