domingo, 8 de julho de 2012

Máscaras melhorou, mas ainda apresenta problemas

Após a polêmica carta publicada por parte do elenco de Máscaras em que demonstram bastante carinho para com o autor Lauro César Muniz e para com o trabalho junto ao folhetim, pedindo para que a imprensa olhasse com mais cuidado as mudanças no rumo da trama, realizados justamente por conta das críticas que a novela sofreu em sua primeira parte, o blog resolveu acompanhar a semana inteira para verificar se, de fato, houve mudanças.

A primeira e óbvia constatação é que Máscaras melhorou. Muito. Não há o que se discutir quanto a isso. A mudança de diretor fez muito bem para os trabalhos, pois ele conseguiu fazer uma leitura muito mais consciente do que o roteiro do autor pedia. Uma direção que deixou de ser observadora e se tornou praticamente personagem, minimalista. O diretor optou por takes fortes e posicionamento de câmeras muito mais fechados, o que cria maior intimidade entre personagens e público. Um primeiro acerto. A direção contribuiu ainda com a significativa melhora na fotografia que, antes, prejudicava demais quem assistia e, agora, acertou o tom.

O texto de Lauro César Muniz também mudou de rumos. Por mais que seja difícil concluir que a primeira parte do roteiro fosse ruim, era evidente que estava equivocada por ser exageradamente dúbia e de difícil compreensão das grandes massas. O autor desceu uns três tons na composição dos diálogos e, principalmente, acertou a mão nas sequências das cenas que passaram a ter muito mais ligação, continuidade e facilitaram a compreensão do telespectador.

Porém, ainda há traços de um pseudo-cult no texto. Os retoques que Lauro dá aos diálogos quase sempre soam falsos porque não agrega à história e torna-se impossível comprar a ideia. Ouvir Jonas Bloch comentando a política americana e, em questão de segundos, dizer-se conselheiro de senadores e deputados brasileiros, soa tão falso que a ironia parece muito mais momento de stand up comedy. 

Lauro César optou por acelerar o ritmo da trama policial e fez bem. Sem mistérios mirabolantes, a história encorpou e começou a fazer sentido. O equívoco, talvez, fique por conta das cenas mais quentes, com direito a sexo selvagem. Uma ou outra vez é bem vindo este recurso, pois faz parte da linha narrativa, mas quando acontece várias vezes, torna-se apelação.

O grande problema desta nova fase de Máscaras, contudo, é o que se viu desde o início. O elenco não consegue transmitir verdade. Exceção feita ao brilhante trabalho de Paloma Duarte e de Jonas Bloch, nenhum outro membro do elenco merece destaque por acertar o tom na composição das personagens. Fernando Pavão está completamente perdido em cena e é impossível torcer pelo seu protagonista. Quando o elenco não erra pela timidez e, consequentemente, superficialidade, erra pelo exagero. É o caso de Mirian Freeland que, após um começo intenso, retornou ao folhetim completamente infantilizada e sem força alguma, deixando sua personagem caricata ao extremo.

Máscaras, mesmo com as mudanças, está longe de ser o melhor trabalho de Lauro César Muniz e não chega aos pés de sua ótima obra, Poder Paralelo. Ainda assim, é preciso reconhecer o esforço conjunto dos profissionais envolvidos com essa novela que, pelo público, mudou para melhor. Há de se elogiar a intenção. O resultado merece elogios também, mas com ressalvas.

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