quinta-feira, 12 de abril de 2012

A importante crítica social de Avenida Brasil

Avenida Brasil estreou há pouco mais de duas semanas e já vem mexendo com os ânimos de todos - sejam telespectadores ou sejam os críticos - graças a um enredo sólido e bem desenvolvido por seu autor e também por conta da trama eletrizante, cheia de situações, viradas e acontecimentos que fazem com que o público não queira tirar os olhos da TV.

Por mais que a audiência esteja voltada para a história de vingança de Nina (Débora Falabella) contra sua ex-madrasta Carminha (Adriana Esteves), além do desenvolvimento dos núcleos paralelos - e, ainda bem, eles não são muitos - é preciso fazer uma reflexão sobre a importante crítica social que João Emanuel Carneiro vem cumprindo nestes primeiros capítulos de sua obra.

Em tempos de Classe C no topo da preferência nacional, não apenas na TV, mas principalmente na economia, tudo parece ser feito para este grupo de brasileiros. O sucesso de audiência atribuído a Fina Estampa foi justamente o fato de que a Classe C se enxergou nas personagens da novela e houve identificação. Em Avenida Brasil, certamente não há qualquer tipo de transferência e cumplicidade entre personagens e telespectador.

No folhetim, as personagens interpretam a Classe C não sob seu próprio prisma, mas através de uma visão caricata da própria sociedade. Ao se colocar a família de Tufão (Murilo Benício) com muito dinheiro, mas sem saber se portar diante de eventos finos, o autor mostra claramente - de forma exagerada para provocar o riso - a maneira como a sociedade enxerga a ascensão social dos brasileiros.

Verônica (Débora Bloch) representa muito bem a visão da classe elitista sobre a nova Classe C brasileira. Quando a personagem fala para o marido Cadinho (Alexandre Borges) que a família do noivo da filha tem dinheiro, porém não aproveitou para adquirir cultura, ela representa a visão individualista e preconceituosa da elite do país.

É evidente que Avenida Brasil não tem qualquer objetivo de mostrar a realidade sobre a Classe, a crítica é sobre o esforço exagerado para agradar este grupo. A Classe C no Brasil se transformou praticamente numa pessoa, numa entidade que precisa ser tratada e mostrada de forma específica e, até o momento, João Emanuel Carneiro, faz uma crítica bem humorada sobre este fenômeno que toma conta do país e, por isso, agrada a todos.

1 Quebraram tudo:

pauloasjunior disse...

Eu tô achando Avenida Brasil bem mais popularesca do que Fina Estampa, que se gabava tanto de o ser. E com muito mais qualidade, inegavelmente, também.
Quando vi o título, pensei que era um post sobre a realidade do lixão. Fico meio em dúvida sobre a veracidade de toda essa valorização da classe C. Me parece que dramaturgia é feita para agradar à maior quantidade possível de pessoas, e que identificação tem pouco papel nisso.

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