quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Record faz aniversário sem identidade

A Rede Record comemorou aniversário nesta semana e realizou uma série de eventos comemorativos, inclusive o lançamento do Pan Americano, evento que terá transmissão exclusiva da emissora. Num momento de muita comemoração, o canal deveria aproveitar para refletir sobre sua atual condição no cenário da Televisão brasileira e toda a sua representatividade.

A emissora mais velha do país e que teve ao longo de sua história elenco de peso, além de programas que certamente marcaram gerações - dentro da história do país, os Festivais de Música são inesquecíveis e muitos deles pelo sucesso da Record - fez um grande investimento em meados da última década com a pretensão de sair do estagnado terceiro lugar de audiência e transformar-se na primeira colocada.

Como todos sabem, a estratégia não funcionou como o planejado e, após um momento de crescimento a Record empacou na vice-liderança com seus modestos 07 pontos de média (contra 17 da Globo). Atualmente, a emissora não tem o que comemorar. Sem identidade, sem padrão de programação, a Rede Record tornou-se numa das maiores piadas do Brasil para quem acompanha televisão.

Com a ambição desmedida de seu proprietário e de sua direção, a Rede Record transformou-se refém de si própria e não carrega mais o charme que um dia teve. Com uma cortina de fumaça em relação ao dinheiro que gira dentro da emissora, as denúncias não param de surgir e, mesmo que isso não seja provado, serve apenas como pano de fundo para os sérios problemas.

Comandada por um Bispo que, evidentemente não tem preparo técnico algum para exercer a função, a Record não é mais nada. Não é uma emissora com personalidade, não consegue ser uma opção à Globo, como tentou - sequer consegue ser parecida com a concorrente como tenta. É apenas uma mancha para uma história tão bonita que não merece comemoração. Merece os pêsames.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Eu me vi na estreia de A Vida da Gente

Não é fácil escrever um drama. Muito mais difícil ainda é escrever um drama familiar que exige uma série de fatores para que, no ar, possa transmitir a verossimilhança necessária para atrair o telespectador sem utilizar artifícios menos complexos. Foi com esta proposta de apresentar uma história absolutamente familiar que estreou nesta segunda-feira a nova novela das 18 Horas na Rede Globo, primeira obra longa assinada por Lícia Manzo - que já havia sido responsável pela excelente Tudo Novo de Novo.

Pelo primeiro capítulo ficou muito clara a proposta da autora em apresentar um drama completamente familiar. O objetivo não é utilizar elementos de ficção que atraiam o público. A proposta do folhetim é inversamente proporcional a de sua antecessora, Cordel Encantado, que teve como objetivo transportar o público para o universo dos sonhos e conseguiu com maestria isso. A novela atual muda o foco, o caminho é fazer com que o telespectador se identifique e se enxergue como um dos personagens. A autora que fazer da novela um espelho de nós mesmos.

O desafio de estrear uma novela após um sucesso é difícil, mais difícil ainda quando a proposta é completamente oposta ao que o público se acostumou nos últimos meses. Certamente A Vida da Gente não terá vida fácil enquanto o telespectador estiver de luto pelo fim de Cordel Encantado, porém é preciso entender que ser diferente não é ser ruim. Quem disse que há apenas um jeito de se fazer televisão?

O primeiro capítulo provou que não. A começar pela sensacional abertura que, de fato, teve cheiro de família reunida para ver o álbum de fotografias, todo o capítulo foi estruturado para pegar o público pela identificação. De alguma forma, cada um dos personagens é como um membro de nossa família, seja pai, mãe ou um tio distante, ou até nós mesmos. Se o primeiro capítulo de uma novela deve apresentar as personagens e conquistar o telespectador, o folhetim conseguiu. Me pegou para valer, afinal, eu me vi e vi minha família em cada uma das cenas. Tenho certeza que a gente viu nossa vida em A Vida da Gente.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Comparativo de Audiência - 18 Horas - média geral

Média Geral das novelas das 18 Horas


Cordel Encantado: 25,92
Araguaia: 22,83
Escrito nas Estrelas: 25,55
Cama de Gato: 24,35
Paraíso: 25,51
Negócio da China: 20,22
Ciranda de Pedra: 22,05
Desejo Proibido: 23,43
Eterna Magia: 25,83
O Profeta: 32,72
Sinhá Moça: 33,38
Alma Gêmea: 38,61
Como uma Onda: 27,18
Cabocla: 34,15
Chocolate com Pimenta: 35,51
Agora é que são elas: 28,60
Sabor da Paixão: 24,12
Coração de Estudante: 30,19
A Padroeira: 26,13

Comparativo de Audiência - 21 Horas - média parcial

Média-parcial diária de novelas das 21 Horas até o capítulo 30


Fina Estampa: 38,03
Insensato Coração: 31,37
Passione: 31,40
Viver a Vida: 36,43
Caminho das Índias: 34,17
A Favorita: 35,30
Duas Caras: 37,30
Paraíso Tropical: 37,10
Páginas da Vida: 48,63
Belíssima: 47,27
América: 45,43
Senhora do Destino: 46,50
Celebridade: 42,70
Mulheres Apaixonadas: 40,10
Esperança: 39,13
O Clone: 42,60

Adeus ao Conto de Fada Arretado

Chegou ao fim na última sexta-feira a novela mais revolucionária dos últimos anos na TV brasileira. Cordel Encantado, trama assinada pela dupla sensação do momento Duca Rachid e Thelma Guedes, saiu de cena após 143 de capítulos de muita emoção, bom humor, drama e aventura, deixando um gostinho de saudades para a legião de fãs que se formou enquanto a novela esteve no ar.

Mesmo antes de começar, o burburinho em volta da produção sempre foi muito grande. Após anos sem arriscar nada inovador em seus folhetins, a Rede Globo decidiu aprovar a sinopse um tanto quanto diferente, afinal criar uma trama atemporal, misturando um Reino distante com o sertão nordestino, cangaceiros e reis, não é tarefa fácil e a mistura, temia-se, poderia desagradar a todos os públicos.

Com a responsabilidade de abrir uma infinidade de caminhos novos para a teledramaturgia, Cordel Encantado teve sempre um pé atrás da crítica antes da estreia. O maior medo era a rejeição do telespectador, o que significaria o fim de roteiros diferentes. Mas não foi o que se viu. Com uma repercussão poucas vezes vista no horário - somente superada nos últimos anos, talvez, pelo fenômeno Alma Gêmea - a trama conquistou o público logo de cara e foi apenas agregando telespectador enquanto se manteve no ar.

Chegando ao fim com 26 pontos de média em São Paulo - principal Praça de medição de audiência - e incríveis 30 pontos no PNT, que avalia a audiência em todo o país, Cordel Encantado transformou-se na maior audiência do horário desde a novela O Profeta, ou seja, pouco mais de 04 anos e 08 folhetins. O sucesso da trama deve-se ao extraordinário roteiro criado pela dupla de autoras que souberam condensar o Conto de Fadas com o crível e os ingredientes tradicionais de um folhetim, a uma direção segura e que não economizou nunca em qualidade, levando ao ar um produto de altíssima qualidade e também ao elenco afinado, que esteve recheado de destaques que tiveram seus bons momentos ao longo da história.

Cordel Encantado sai de cena e deixa saudades. Os telespectadores foram lançados durante estes meses a um mundo de sonho que parecia tão distante. A modernidade, a tecnologia e o cotidiano vinha engolindo a todos de tal forma que não nos era dado o direito de sonhar como antigamente. E, se há uma lição deixada por esta trama, foi justamente esta, a oportunidade de sonhar novamente. A oportunidade de acreditar num Conto de Fadas. E o teaser cumpriu o que prometia, um conto de fada arretado, nosso Cordel Encantado.

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