sexta-feira, 17 de junho de 2011

Comparativo de Audiência: 21 Horas - Média Parcial

Média-Parcial diária das Novelas das 21 Horas até o capítulo 130


Insensato Coração: 34,01
Passione: 33,48
Viver a Vida: 34,59
Caminho das Índias: 36,36
A Favorita: 37,84
Duas Caras: 39,41
Paraíso Tropical: 41,82
Páginas da Vida: 48,17
Belíssima: 46,20
América: 46,40
Senhora do Destino: 48,15
Celebridade: 43,24
Mulheres Apaixonadas: 44,20
Esperança: 38,62
O Clone: 43,55
Porto dos Milagres: 42,81

Ctrl C + Ctrl V

Com maior audiência desde a estreia, o capítulo de ontem de Insensato Coração contou com um pequeno acerto de contas entre os dois principais adversários da trama. Pedro (Eriberto Leão), munido de provas contra seu irmão, Léo (Gabriel Braga Nunes), decide jogar limpo e ter uma conversa definitiva. Na cena em questão, Léo abre o jogo, mostra sua verdadeira face e conta com riqueza de detalhes tudo que fez contra o irmão, sempre justificando que "babaca merece ser enganado".

Sem dúvida essa era uma das cenas mais esperadas dessas últimas semanas no folhetim. E, com certeza, o telespectador mais desatento elogiou bastante o ritmo conduzido pelo autor, os diálogos cheios de nuances, a máscara de Léo caindo e ele dono de si, afinal, estava rico, casado com a mulher do irmão e recebendo um prêmio, ou seja, admirado. De fato, todos estes ingredientes são excelentes para produzir uma cena de qualidade. Tanto são que já produziu.

Gilberto Braga no auge de sua preguiça para produzir uma seqüência minimamente nova ou simplesmente por não ter mais a criatividade de outros tempos, lançou mão da tática do bom e velho Ctrl c + Ctrl v. Toda a seqüência que culminou com a briga de Pedro e Léo foi idêntica a seqüência de sua novela anterior, Celebridade. Lá, assim como aqui, a vilã era dona de si, estava recebendo um prêmio e começando a mostrar sua verdadeira face para outros personagens. Laura (Cláudia Abreu) não esperava que uma arapuca estava sendo armada para ela, exatamente como ocorreu ontem. E onde foi a cena em que a vilã tem uma conversa franca com a mocinha Maria Clara (Malu Mader) usando os mesmos adjetivos? Num banheiro. Houve briga? Claro que houve.

O script do capítulo de Insensato Coração sem nenhuma sombra de dúvida foi o mesmo utilizado no capítulo em questão de Celebridade. Mudaram os personagens, alguns pequenos detalhes, mas a estrutura da seqüência foi a mesma, assim como os diálogos foram incrivelmente parecidos. O diferencial é que lá, Maria Clara deu, de fato, uma lição em Laura, uma surra, e em Insensato Coração, a briga foi mais igualitária.

A cena que foi ao ar ontem, apesar de bem estrutura e conduzida, foi vergonhosa e um clássico exemplo da crise de criatividade que os novelistas tradicionais vem sofrendo. Gilberto Braga, Sílvio de Abreu, Manoel Carlos, Walcyr Carrasco, Glória Perez, todos estes, sem exceção, vem produzindo nos últimos anos uma espécie de remake agrupado de tudo que já produziram. Chegou a hora da Globo pensar se, a salvação do horário das 21 horas, não seja modificar seu casting de novelistas porque, ao que parece, a falta de criatividade chegou ao fundo do poço na noite de ontem.

Compare as cenas nos vídeos abaixo:

Celebridade

Insensato Coração - Parte 1 


Insensato Coração - Parte 2

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Carta Aberta a Tiago Santiago

Caro Tiago Santiago



Começo esta carta te parabenizando. Sim, afinal, conseguir um emprego de roteirista de teledramaturgia passando pelas três maiores emissoras do país não é tarefa fácil. Mais do que isso, emplacar sucessos de audiência e conseguir um gordo salário na terceira emissora em audiência é tarefa ainda mais difícil e é preciso valorizar este feito.

Após isso, quero fazer um protesto a você. Independente de gostar ou não de seu estilo de escrita, independente de criticar veementemente o didatismo, superficialismo, e infantilidade que enchem os diálogos de suas obras, independente de localizar inúmeros clichês e furos em seus roteiros quase sempre pobres, não é sobre a qualidade de seus textos que quero tratar nesta carta. O protesto vai além, é algo que vem do âmago, uma revolta crescente que, certamente afeta milhões de pessoas.

Em recente entrevista, caro Tiago, você disse para quem quisesse ouvir que sua novela no SBT, Amor e Revolução, estaria sofrendo alterações nas próximas duas semanas e o tema "política" seria praticamente abolido. Após deixar de lado as torturas, o seu passo seguinte tentando salvar sua novela do mais absoluto fracasso é abandonar o tema político. Num momento de desabafo, você concluiu: "Nunca mais escrevo uma novela política" e ainda frisou que, em pesquisas, ficou claro que o brasileiro não se interessa pelo tema.

É disso que trata esta carta. De sua total falta de respeito para com a inteligência do brasileiro. Certamente, ao ler sua entrevista, autores como Gilberto Braga e Lauro César Muniz devem ter ficado incrivelmente incomodados. Como afirmar que brasileiro não se interessa por política, Tiago? Você, além de dar provas de não conhecer a história de seu próprio país, mostra que conhece nada de sua própria profissão. Tramas nacionais que utilizaram a política como pano de fundo fizeram incrível sucesso - já ouviu falar de Anos Rebeldes? E de Éramos Seis?

Tiago Santiago, meu querido amigo, sinto muito te informar, mas seu diagnóstico é pobre e equivocado. O problema de Amor e Revolução não é o tema político. Não são as torturas. Nem de longe é falar da Ditadura Militar. Mas é o texto pobre, os diálogos irreais, a parcialidade ao tratar de um tema sério e, principalmente, a falta completa de criatividade artística. Resumindo: o que falta a Amor e Revolução é ser uma novela, de fato.

Parafraseando o que você mesmo disse na entrevista, Tiago, encerro esta singela carta afirmando que qualquer pesquisa vai comprovar que o telespectador gosta de qualquer assunto, mas ele não gosta de ser feito de idiota e também não gosta é de produtos ruins. Aproveito a oportunidade para te dar um conselho: use seu tempo para produzir um texto mais apurado, com menos didatismo e falta de verossimilhança. Tenho certeza que, caso você conseguir, suas novelas farão sucesso.

Atenciosamente

Um fã de Teledramaturgia, de História e de Política.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Comparativo de Audiência: 19 Horas - média parcial

Média Geral Parcial Diária das Novelas das 19 Horas até o capítulo 70


Morde e Assopra: 27,31
Tititi: 28,65
Tempos Modernos: 22,5
Caras e Bocas: 28,30
Três Irmãs: 26,14
Beleza Pura: 28,01
Sete Pecados: 30,72
Pé na Jaca: 30,21
Cobras e Lagartos: 34,04
Bang Bang: 28,11
A Lua me Disse: 31,42
Começar de Novo: 33,98
Da Cor do Pecado: 40,22
Kubanakan: 36,74
O Beijo do Vampiro: 29,17
Desejos de Mulher: 29,55
As Filhas da Mãe: 29,41

Baú da TV: Cheiro de Cravo, cor de Canela

Em 1975, a Rede Globo completava dez anos de existência e resolveu, como parte das comemorações, fazer uma novela com ares de superprodução. O horário das 22h era conhecido por apresentar histórias mais fortes, e a alta direção da emissora resolveu apostar em um dos mais famosos livros de Jorge Amado para adaptar como novela: Gabriela, Cravo e Canela.

Numa produção impecável, Gabriela foi roteirizada por um dos grandes nomes da televisão, Walter George Durst, que há 10 anos não escrevia novelas, e direção do aclamado Walter Avancini. O elenco foi uma história à parte e contou com estrelas como Paulo Gracindo, Armando Bógus, Dina Sfat, Eloísa Mafalda e Sônia Braga, em sua primeira protagonização.

Na telinha, a história da retirante Gabriela (Sônia Braga) que, fugindo da seca, chega a Ilhéus e vai trabalhar como cozinheira do turco Nacib (Armando Bógus), dono do bar Vesúvio. Logo os dois se envolvem, batendo de frente com alguns tabus sociais da época.

Gabriela é uma história que fala de mudanças. Se o romance da protagonista e de Nacib aponta a necessidade de mudanças sociais, a parte política não fica atrás. Há anos como chefe político da região, o Coronel Ramiro Bastos (Paulo Gracindo), apoiado pelos outros coronéis do cacau, Melk Tavares (Gilberto Martinho), Amâncio Leal (Castro Gonzaga), Jesuíno Mendonça (Francisco Dantas) e Coriolano Ribeiro (Rafael de Carvalho), faz da cidade uma extensão dos seus domínios, um verdadeiro feudo. A oposição, liderada pelo Capitão (Sérgio de Oliveira), não oferece nenhuma ameaça concreta, mas isso se transforma com a chegada de Mundinho Falcão (José Wilker), jovem exportador de cacau, que chega a Ilhéus trazendo ares de renovação e modernidade. A partir daí, a trama de Gabriela se transforma num verdadeiro jogo de xadrez entre os dois chefes políticos. Para complicar, Mundinho se apaixona por Jerusa (Nívea Maria), a neta de Ramiro.

A força de Gabriela esta na trama política, já que o romance entre os protagonistas, mesmo
sendo bem agradável e divertido, em nada contribui para a trama. Nesse item, o proibido amor entre Mundinho e Jerusa acaba sendo mais interessante, pois costura a briga entre as duas facções políticas. Outra trama importante é a do Coronel Jesuíno Mendonça, que ao descobrir que sua mulher, Sinhazinha (Maria Fernanda), mantinha um romance com o dentista Osmundo (João Paulo Adour), mata os dois a tiros. Enquanto a novela segue, acontece o processo do crime. Se o Coronel conta com sua posição política, com o apoio do Coronel Ramiro e do advogado Maurício Caires (Paulo Gonçalves) para sua defesa, a oposição, liderada novamente por Mundinho e pelo advogado de acusação, o Dr, Ezequiel (Jayme Barcellos), trabalham para a condenação do acusado. Ao final, Jesuíno é condenado, algo impensável até então, pontuando o início das mudanças em Ilhéus.

Assisti Gabriela em sua exibição no Vale a Pena Ver de Novo, no final dos anos 80. Confesso
que achei a novela um pouco arrastada. Revendo agora, vejo o quanto eu estava errado. O subtexto colocado por Walter George Durst no roteiro, é genial e corajoso. Em algumas passagens o texto chega até mesmo a ser explícito. Em plena ditadura, em uma fala do Coronel Ramiro, o texto diz: “Ele tomou gosto pela liberdade, mas precisa saber que quem lhe dá essa liberdade sou eu.”

No elenco, difícil saber quem esteve melhor. Tantos atores incríveis e saudosos. As nuances da interpretação de Paulo Gracindo, a criação de Sônia Braga, fazendo uma Gabriela inocente e sensual ao mesmo tempo, todos os coronéis. Gabriela é uma verdadeira aula de interpretação.
Aliás, de interpretação, de texto, de direção... Gabriela é uma verdadeira aula de como fazer novela.


Por: Walter de Azevedo

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