terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma palavra definiu a estréia de Vidas em Jogo: Pressa

Estreou nesta terça-feira a alardeada nova novela das 22h00 da Rede Record. Obra de Cristianne Fridman (Bicho do Mato e Chamas da Vida), Vidas em Jogo chegou com a missão de recuperar a audiência do horário e, muito mais do que apenas alavancar os números, conseguir dar a repercussão que os folhetins da emissora perderam com a insípida Ribeirão do Tempo.

Sabe-se que o objetivo primário do primeiro capítulo de uma trama é apresentar os personagens do núcleo principal e mostrar as ligações entre eles, além de tentar mostrar com o máximo de clareza - sem didatismo - o histórico de cada um dos personagens principais tentando sintonizar o público para o momento em que a história começa a se desenrolar. Sem um pontapé inicial que leve o telespectador a compreender os motivos que levam cada personagem a agir de determinada forma, torna-se uma tarefa homérica conquistá-lo diante da TV diariamente.

Partindo deste pressuposto, Vidas em Jogo não conseguiu este objetivo. Tudo foi mostrado muito às pressas e sem tempo hábil para que o telespectador mediano conseguisse acompanhar o desenrolar da história. A bem da verdade é que a autora optou por já mostrar pelo menos uma parte do histórico de boa parte do elenco e isso se mostrou um equívoco, pois, com isso, não houve como dar atenção a ninguém e, pior, se ligar a nenhuma história. Quando o público começava a se aproximar do personagem, o foco mudava abruptamente.

O ar de violência que as tramas da Record nos acostumaram e não apareceram tanto em Ribeirão do Tempo, está de volta. Em apenas um capítulo foram agressões em todos os núcleos, tiroteio, xingamento, acidentes. Enfim, uma gama de violência que, novamente é necessário frisar, ocorreu em grande quantidade e deu um tom de pressa, o que prejudicou a linha narrativa.

O tema central, contudo, ficou claro. O sonho de um grupo de pessoas em ficar rico através da loteria. Se as tramas paralelas são muito modernas, o plot central incomoda um pouco. Não que atualmente as pessoas não queiram ganhar na loteria, ao contrário, o número de jogadores mostra o contrário, porém, as pessoas não são mais sonhadoras como as personagens criador por Cristianne Fridman. Ou a autora leva essa história para a realidade dos dias atuais ou vai ficar estranho ver todo o folhetim correndo naturalmente pelo século 21 e a história principal, a linha que une tudo, presa numa vibe anos 80.

Pensando no elenco não há muito o que dizer. Exceção feita a atriz-mirim que interpreta a filha da ricaça (ainda não guardei o nome de ninguém) que é muito fraca, ninguém chegou a comprometer, até porque não houve tantas cenas assim para cada um. Difícil apostar também em algum destaque, porém, a personagem que mais me chamou a atenção foi a de Wanessa Gerbelli. A aposta fica difícil também porque ninguém se deu ao trabalho de verificar a quantidade de cenas por personagens, pois, no ar, deu a impressão que o cachorrinho assassinado teve mais destaque que todos.

Na produção em si, vimos a mesma direção discreta que a Record está acostumada. Foi feito o básico, sem riscos e sem nada que chamasse a atenção, por outro lado, também sem grandes problemas. O tom destoante fica por conta da abertura de um mau gosto que impressiona bastante. A abertura mal produzida, mal pensada aliada a uma música completamente desconexa deixa qualquer um perdido.

De qualquer forma, a estréia de um produto de dramaturgia também tem a função de chamar a atenção do telespectador para a obra e neste ponto Vidas em Jogo atingiu o objetivo. Por mais que tudo tenha sido apressado, já bateu a curiosidade para saber como as personagens vão lidar com este sonho de ficar ricos através da loteria e este é o principal ponto positivo desta estréia. Mesmo tendo ficado aquém do que espera-se de um primeiro capítulo, Vidas em Jogo já conseguiu fazer o telespectador esquecer-se de Ribeirão do Tempo, mesmo que isso não fosse uma tarefa tão árdua, tem seus méritos, ainda assim, a primeira impressão não deixou no ar o cheiro do sucesso.

Em tempo: Vidas em Jogo estreou com média de 11 pontos na audiência. Pior estréia do horário na emissora.

1 Quebraram tudo:

Ary disse...

Analisar uma novela pelo primeiro capítulo é muito prematuro. Mas vamos lá:

A julgar pelo que foi apresentado no primeiro capítulo acho que essa novela tem potencial pra engrenar no ibope. Gostei do que foi apresentado, embora com certa pressa.

Sobre o núcleo dos protagonistas serem sonhadores contumazes é preciso verificar que uma novela é antes de tudo uma obra de ficção. Uma novela pode ter um pé na realidade mas é impossível ser realidade no sentido literal porque se assim fosse seria uma chatice sem tamanho. Então é absolutamente normal certos exageros. É como as juras de amor eterno que pairam sobre os folhetins atuais que sabemos que na realidade não existem. Não na proporção em que apresentam e da maneira que apresentam. Mas isso se torna válido quando usado para delinear posições e destacar personagens. É como uma moldura em um quadro.

Não procede sua informação de que a novela corra esse risco de passar o folhetim inteiro nessa vibe anos 80(sic), uma vez que esses sonhadores logo deixarão de existir, tão logo ganhem o tão sonhado prêmio. E isso deve acontecer em breve. A partir daí a novela entra em uma nova etapa e novas tramas surgirão. Acredito que anovela deva melhorar substancialmente a partir daí.

Também não procede sua informação de que o cachorrinho foi assassinado. Ele foi baleado, mas sobreviverá.

Quanto a audiência, foi de fato a pior estréia da Record no horário. Mas é preciso lembrar que a novela recebeu migração muito inferior do que suas antecessoras, uma vez que a emissora aboliu a estratégia de mesclar os capítulos finais da antecessora com a estreante. Tivesse recebido migração maior certamente não levaria esse título de pior estréia no horário.

Vamoquivamo

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