sexta-feira, 8 de abril de 2011

Araguaia: Quietude, calma e história firme

Foram anos tentando, mas finalmente Walter Negrão conseguiu emplacar a novela de seus sonhos no horário das 6. Autor tarimbado, de excelente texto e que imprime um ritmo leve, tranqüilo, quase parando às suas histórias. Elemento que, às vezes, pode irritar alguns, mas no horário, permite maior apuração, análise e até histórias mais saborosas e menos ágeis.

Foi sob este prisma que Araguaia foi levada ao ar na Rede Globo. Nesta sexta, quando será exibido o último capítulo daqui poucos minutos, a trama terá fechado um ciclo importante para a dramaturgia da emissora. É evidente que não foi um marco na história global, afinal, sequer conseguiu atingir a meta de audiência, mas ainda assim, além de apresentar uma história leve, rica e deliciosa, conseguiu inserir pontos importantes que não podem ser ignorados.

Graças ao folhetim que todos perceberam o talento de Walter Negrão em enriquecer histórias de uma forma diferente dos demais novelistas. Enquanto muitos buscam um tom inovador, um caráter de agilidade quase seriada, Negrão apresentou uma história densa, cheia de elementos dramatúrgicos ricos e até maniqueístas, mas sem pressa. Basicamente ele contou a história numa velocidade reduzida, exatamente como a trama exigia. Isso também, graças a ótima direção de Marcos Schechtman, excepcional condutor e que sabe captar o contexto de uma história e transformar o texto em algo visível.

Aragauaia foi responsável ainda por permitir que nomes tradicionais do cast da Globo desenvolvesse seu trabalho de forma eficaz. O desempenho de Laura Cardoso foi fundamental para que o núcleo central funcionasse e andasse muito bem. A personagem Mariquita era um elo de ligação importante para que todos do núcleo principal conseguissem funcionar, e Laura Cardoso foi mestre em compreender isso e compôr uma personagem riquíssima.

Outro nome de destaque do folhetim e que soube agarrar uma oportunidade única foi Cléo Pires. A atriz que começou meio perdida e permitindo que sua personagem ficasse um tanto quanto avoada, aos poucos, foi dando controle e compondo de maneira eficaz. Ao fim de Araguaia, Cléo Pires foi, sem dúvida, a dona da novela e conseguiu a empatia do público, da crítica e, claro, dos diretores da emissora. Ponto para ela.

Sai de cena Araguaia que, pode nunca ser lembrada como a melhor novela, mas certamente será sempre lembrada com carinho pelos telespectadores e, sem dúvida, com alguma nostalgia, afinal, em tempos em que todas as novelas buscam a agilidade, a novela foi uma fonte de descanso para o público.

1 Quebraram tudo:

cristian-monteiro disse...

Se essa novela fosse exibida na década de 80 (segundo li, foi quando Walter Negrão escreveu a história, a sinopse foi negada e no lugar foi produzida “Fera Radical”), seria um marco... Mas mesmo hoje em dia, foi deliciosa, leve e forte...

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