sábado, 14 de agosto de 2010

Os Melhores Vilões da Década

2010 já está indo e com ele, a primeira década de um novo século e um novo milênio. Como todo e bom blog, chegou o momento de fazermos nossas queridas listas de Melhores da Década. As Listas sairão semanalmente aos sábados e tratará de diversos temas exclusivos da TV aberta do Brasil. Ao final, se houver tempo hábil, iremos também realizar algumas listas de Piores da Década e, quem sabe, algo relacionado a TV Fechada e Internacional. A primeira lista já será polêmica, os 10 melhores vilões da década atual.

10º - Leona (Carolina Dieckman)

Após bilhões de papéis da boa moça quase puritana e santa, Carolina Dieckman aceitou o desafio de defender na TV sua primeira vilã. Na ótima novela Cobras e Lagartos escrita por João Emanuel Carneiro para o horário das 7, Carolina teve o difícil papel de interpretar uma vilã cruel, sem nenhum senso de caráter ou humanidade e capaz das maiores atrocidades sem sequer lembrar-se do significado da palavra escrúpulo. Porém, tudo isso de forma leve, sob um prisma do humor e que deu um charme maior ainda a sua interpretação segura, sua ótima composição e a extrema qualidade técnica de seu trabalho, um dos melhores de sua carreira.


9º - Clóvis (Dalton Vigh)

O primeiro papel de peso do ator Dalton Vigh na Rede Globo foi interpretar um dos vilões mais sórdidos que o horário das 6 já teve notícias. No remake (nem tão remake assim) O Profeta, primeira novela assinada pela dupla Thelma Guedes e Duca Rachid, o personagem Clóvis tinha muito mais do que simplesmente uma personalidade forte. Ele era cruel, falso, extremamente ardiloso e com grande capacidade de controlar todos ao seu redor. Dalton soube compôr muito bem e fez com que o público odiasse com todas as forças o vilão que infernizou a vida de mais de metade dos personagens da novela e ficou para a história por sua tirania, um grande trabalho do ator.




8º - Sílvia (Aline Moraes)

Uma atriz que já havia interpretado os mais diversificados papéis em sua carreira, apesar de jovem, mas faltava a Aline Moraes uma vilã para se consolidar. E ela veio no principal horário de telenovelas da Rede Globo. Na novela de Aguinaldo Silva, Duas Caras, Aline assumiu o papel de interpretar uma personagem complexa e que poderia cair na caricatura, como tantas outras. Mas seu desempenho acima da média como Sílvia ganhou destaque e fez com que o Brasil todo elogiasse sua incrível atuação. Aline defendeu Sílvia com maestria, uma personagem que saiu da normalidade para, na segunda metade da trama, ficar sórdida cruel, e louca por um amor desmedido. As frases e as situações eram quase todas caricatas, mas foi Aline quem salvou a personagem e por isso surge na lista.



7º - Bruno (Marcelo Serrado)

Se fazer um vilão ganhar destaque já é tarefa difícil, imagine fazer um vilão fora da Globo, poderia ser quase impossível. Não quando a novela é de Lauro César Muniz, um monstro na arte de escrever. Em Poder Paralelo, novela da Rede Record, o autor deu a Marcelo Serrado a chance de sua carreira e, apesar de derrapar no começo, o ator conseguiu destaque. Bruno Villar é, disparado, o antagonista mais cruel que a emissora teve notícia. Numa trama complexa em que era difícil achar um personagem totalmente do bem, Bruno era a personificação da maldade e crueldade sem medir esforços para ter o que queria, atropelava todos e tudo, e dava ordens e mais ordens para matar quem entrasse no seu caminho. Marcelo Serrado cresceu muito durante a trama e chegou ao fim com o controle absoluto de seu sensacional personagem.


6º - Olavo (Wagner Moura)

Um dos poucos papéis de Wagner Moura em novelas. O ator conduziu muito bem um dos vilões mais interessantes já criados para o horário nobre, na trama de Gilberto Braga, Paraíso Tropical. Apesar de um começo um tanto quanto apagado, o personagem foi ganhando destaque e se tornou o dono completo da trama e um vilão capaz de fazer qualquer coisa quando o tema proposto fosse se sair melhor e ficar a frente de seus concorrentes. Olavo infernizou a vida de muitos personagens, chantageou, humilhou, mentiu e ainda assassinou sua comparsa Taís. Todo o destaque deste personagem se deveu também ao grande talento de Wagner Moura que criou trejeitos impagáveis e únicos para Olavo que saía do trama para o humor com uma velocidade incrível.


5º - Bárbara (Giovanna Antonelli)

Novamente uma personagem de João Emanuel Carneiro figura na lista. Desta vez, em sua primeira novela, o autor criou uma personagem tórrida e maquiavélica. Na trama Da Cor do Pecado, Giovanna Antoneli foi Bárbara, uma moça rica, preconceituosa e extremamente orgulhosa. Ao menos assim foi o começo da personagem que, aos poucos, começou a crescer e sair da linha do preconceito simples e entrar na maldade e crueldade. Bárbara ficou completamente desmedida na segunda parte da excepcional novela e passou a ser uma vilã perversa armando os planos mais assustadores para obter seus resultados e ganhos. Um dos pontos altos da personagem eram suas frases entupidas de preconceito e os apelidos maldosos - e divertidos - que ela dava para boa parte do elenco da novela. Uma personagem que era impossível odiar.


4º - Verônica (Paola Oliveira)

Quem diria que a atriz que aparentava ser frágil como uma boneca e que, até então, havia interpretado apenas papéis de boa moça iria conseguir tamanho destaque com sua primeira vilã. Em Cama de Gato, novela de Duca Rachid e Thelma Guedes, Paola Oliveira encarnou Verônica, a mais pérfida vilã que o horário das 6 já viu. Em tempos de censura por parte do Ministério Público, a personagem enfrentou não apenas todos na novela, mas também a própria censura. Cruel, maligna e sem o menor traço de humanidade, Verônica fez tudo o que foi capaz para se tornar dona do império a que tanto queria. Encomendou a morte do marido, enganou o melhor amigo para casar-se com ele, tentou matar quase metade do elenco. Além de tudo era criativa, a capacidade que a personagem tinha para enganar e sair de situações embaraçosas era impressionante e com um texto genial como este, era difícil a vilã não se destacar.


3º - Laura (Cláudia Abreu)

A primeira vilã da leva de personagens sem escrúpulos e capazes de tudo que a década conheceu no principal horário de novelas. Laura Prudente da Costa, a melhor personagem da novela Celebridade, escrita por Gilberto Braga. Ser a melhor e mais completa personagem numa novela repleta de ótimas criações não era fácil. Laura era humana, acima de qualquer maldade, ela tinha sentimentos. Uma das primeiras vilãs que, ao contar sua história, deixava o público com uma pontinha de dúvidas se deveria torcer contra ou a favor da personagem. Cega de ódio e movida por um senso incomum de vingança, Laura fez de tudo, inclusive matar, não para chegar ao poder ou ao topo, mas para se vingar de uma mulher que, na visão dela, havia sido responsável pelos dias tristes da adolescência da moça. Com isso, Laura protagonizou as melhores cenas em muitos anos no horário nobre.


2º - Bia Falcão (Fernanda Montenegro)

A grande dama da TV e do teatro brasileiro merecia uma vilã. E foi em Belíssima, novela de Sílvio de Abreu, que a atriz teve a oportunidade de interpretar o tipo de personagem que todo ator sonha. É muito difícil descrever Bia Falcão, uma personagem rica, poderosa e que poderia apenas ser mesquinha dada a sua presença forte e que impunha respeito. Mas Bia era tudo isso e muito mais. Cruel, sórdida e com uma língua tão venenosa que fazia até mesmo o telespectador temer quando ela aparecia diante da TV. A vilã tinha uma força tamanha que, mesmo ficando mais de dois meses dada como morta e fora da novela, ela ainda continuava infernizando a vida de todos e fazendo com que muitos personagens tivessem medo de apenas citar seu nome. Uma vilã inesquecível com situações únicas e com uma interpretação avassaladora de Fernanda Montenegro.


1º - Flora (Patrícia Pilar)

Quando o assunto é vilões não há espaço para discussão e discordância. A maior vilã da década e, provavelmente, de todos os tempos atende pelo nome de Flora Pereira da Silva. Na novela A Favorita, primeira trama de João Emanuel Carneiro para o horário nobre, Flora começou como uma personagem dúbia, a moça sofrida que havia sido acusada e presa por um crime que não cometeu. Mas pouco depois, todos descobrem que, na verdade, além de assassina ela era completamente louca. Em situações que a TV brasileira nunca viu e certamente nunca mais verá, Flora era capaz de tudo para roubar o lugar de sua concorrente Donatella. Mais do que simplesmente má e perversa, Flora era cruel e sem escrúpulos. Foi capaz de forjar o sequestro de si própria e da filha, assassinou diversas pessoas e ainda tentou matar tantas outras na novela e foi a responsável pela épica cena em que causou a morte de Gonçalo, numa cena que mais lembrava os filmes de Hitcock. Além de tudo, Flora era divertida e tornou-se dona de frases célebres e de um bom humor incrível, como: "Não tem problema, depois você psicograva.", "Bem que o carro da vaquinha poderia capotar na estrada e ela morrer", "Que bonitinho, a Chapéuzinho Vermelhor veio defender a Vovó do Lobo Mau". Com tudo isso, era impossível ela não estar no topo da lista como a maior vilã da década.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Cura - 1x01

Após dois anos e meio de expectativa o autor que revolucionou a forma de se fazer televisão na atual década retornou ao cenário na noite desta terça-feira. Trata-se de João Emanuel Carneiro, rei do horário das 7 ao conquistar audiências impressionantes com Da Cor do Pecado e Cobras e Lagartos e o mais jovem autor a ser elevado ao posto de exclusivo do horário nobre de novelas com a excelente A Favorita.

Desta vez, João Emanuel assina uma série. A Cura. Badalada muito antes de estrear, muito por conta do nome por trás do produto e também por ter o retorno de um dos maiores atores brasileiros que há muito se dedicava ao cinema, Selton Melo. Tanto se falou da série que a expectativa ficou quase insuportável, principalmente após iniciarem as chamadas durante os intervalos da Rede Globo.

Foi muita espera, mas valeu a pena. João Emanuel Carneiro mostrou no episódio de estréia que é capaz de se despir completamente dos vícios e linguagem de um novelista e escrever um roteiro de uma série de verdade. Sem seqüências ou diálogos folhetinescos a série mostrou toda uma estrutura seriada, coisa que a Globo busca há muito tempo e raramente consegue com suas produções que sempre caem no tom jocoso das novelas.

Em A Cura, Selton Melo é Dimas. Um jovem médico que retorna a sua cidade natal, Diamantina (MG) para trabalhar em sua profissão, porém, não será fácil, pois os fantasmas do passado o perseguem. Na infância, uma história mal resolvida dá conta de que Dimas foi responsável pela morte de um amiguinho da escola. Ninguém na cidade esqueceu o ocorrido mesmo sendo muitos anos depois e, no episódio piloto não há afirmações de como ocorreu o provável crime, apenas indícios de que o protagonista cortou o amigo em diversas partes.

A forma como esta história foi mostrada ocorreu de forma lenta e gradativa neste episódio. O telespectador foi se familiarizando muito mais com a personalidade dúbia e confusa do protagonista do que propriamente com o histórico de sua vida. A estratégia do autor, apesar de ser um risco porque poderia tornar tudo monótono, funcionou e levou o público a se interessar pelo drama do jovem médico.

Esta não é a história de A Cura. Este é o pano de fundo para a história principal. Ao que parece, Dimas é a reencarnação de um outro médico. Oto. Que viveu na década de 80 em Diamantina e realizava curas milagrosas nas pessoas. Dimas, aparentemente, conta com o mesmo dom e, por isso, sofre perseguições e vive de forma tão confusa. Para deixar tudo isso ainda mais complexo, o autor nos leva de volta ao tempo em 1766 e mostra a história de um personagem cruel, violento e mau, disposto a tudo para enriquecer através dos diamantes na terra de Diamantina. Já na estreia vimos o personagem defendido por Carmo Dalla Vechia matar o "compadre" pelas costas e cortar a língua de um escravo.

Como é marca registrada de João Emanuel Carneiro, em A Cura, tudo acontece muito rapidamente, portanto, não há tempo para diálogos superficiais e situações que tapam buraco no tempo. Todas as cenas foram muito importantes neste episódio de estréia e serviram para explicar o complexo quebra-cabeças que viaja no tempo e mistura medicina com curanderismo, fé e dramaticidade, tudo em um mesmo caldeirão de muita qualidade.

Se João Emanuel Carneiro é capaz de inovar em novelas, ele provou neste episódio que também o é em séries. Texto primoroso e diálogos complexos, e muitas vezes que passavam desapercebidos pelo telespectador menos atento. Assistir A Cura, aparentemente, será um exercício mental que exigirá muita atenção para ligar tantos pontos que parecem soltos, mas que claramente se unem em determinado ponto da história. Mais do que isso, na série, João Emanuel Carneiro vai ainda mais longe do que já havia ido em A Favorita, quando criou protagonista e vilã que ninguém sabia ser quem. Agora, JEC resolveu criar uma história não-linear no melhor estilo Machado de Assis. E com competência.

Destaque também para a coragem do autor, que já havia dado uma "banana" para o Ministério Público em A Favorita. A Cura mostrou cenas fortes e que raramente são vistas na TV brasileira, mas tudo com o bom gosto e qualidade que são marcas registradas do excelente diretor Ricardo Waddington. Graças a ele, o genial texto tomou forma e foi muito bem construído na tela.

No elenco, não houve destaques negativos, exceção feita a Carmo Della Vechia que não convenceu ainda como o provável vilão da história - se é que seja possível uma história não linear ter um vilão - porém, o grande destaque fica por conta de Selton Mello que, em poucas cenas já mostrou ser realmente um dos grandes atores do Brasil. Uma composição primorosa de seu personagem Dimas e, apenas com um olhar, ele é capaz de transmitir toda a sensação que a cena exige. Um baita talento.

Após este primeiro episódio que, trouxe de volta os geniais ganchos de João Emanuel Carneiro, a sensação do telespectador é de "que chegue logo a próxima terça" porque esperar mais sete dias para assistir novamente A Cura, não será fácil. E, de novo, João Emanuel Carneiro prova que é possível fazer televisão de qualidade.

Em tempo: A Cura estreou com 19 pontos de média, segundo a prévia, com um excelente pico de 22 pontos. Estreou registrando 02 pontos a mais na média que sua antecessora, Na Forma da Lei.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

As falácias e mentiras da Record

Na noite do último domingo, o principal jornalístico da Record, Domingo Espetacular apresentou para seu público uma extensa reportagem mostrando através de gráficos, como sempre, o crescimento da emissora nos últimos anos. Esta postura não é nenhuma novidade, desde que iniciou seu investimento e os índices de audiência começaram a melhorar, praticamente todos os programas da casa começaram a explorar de forma sensacionalista esses dados.

A bem da verdade é que nenhuma emissora grande do mundo se presta a tal papel. Nos EUA, as emissoras divulgam sua audiência na internet e, ocasionalmente, comemora bons resultados de determinados programas apenas na mídia, nunca em sua própria programação, ou pior, abrir espaço para um jornalístico para apresentar dados que não significam absolutamente nada para quem está diante da TV querendo receber notícias realmente relevantes. Porém, isso ocorre em emissoras grandes, não é o caso da Rede Record que insiste em se comportar como uma pequena.

A atitude por si só é desprezível e demonstra a total falta de respeito da emissora por seu público. Provavelmente este desrespeito se deve porque a cúpula sabe que não há um "público". É só notar que a emissora sobrevive com picos de audiência herdados. Ou seja, quando não há nada de muito interessante na Globo, as pessoas migram para a Record. Não há fidelidade, não há compromisso do telespectador e o feedback é idêntico. Como eu disse ontem no twitter, o egocentrismo da cúpula da Rede é de um tamanho assustador. Se Sílvio Santos trata sua emissora como um brinquedo particular, a direção da concorrente não faz diferente.

Ainda mais grave que a própria atitude isolada é o fato de que um programa que tenta passar a imagem de um jornalístico sério e de respeito ancorado por um (ex) jornalista (des)respeitado manipular números no total desespero para tentar enganar o público e mostrar que há crescimento onde simplesmente não há. Os números reais mostram que após quase 05 anos de crescimento contínuo, a Rede Record vem caindo vertiginosamente. Após o último mês de crescimento contínuo, em março de 2008, a emissora abriu o segundo mês do 2º trimestre daquele ano em queda. Comparando os números da emissora em Abril de 2008 com os números divulgados pelo Ibope em Julho de 2010 o que se vê é uma impressionante queda de audiência que supera os 25%. A Record vem caindo em média 1% ao mês desde 2008 e não é uma queda que ocorreu ontem, ou em 2009 e houve recuperação. Não. A emissora vem em queda contínua e mensal, com pouca variação de um mês para o outro.

O desespero da emissora faz com que ela engane seu público e produza uma matéria que, além de ser de extremo mal gosto, ainda é cheia de falácias e mentiras. Mais ou menos como o slogan "a caminho da liderança", mais uma piada do Departamento de Humor da emissora, que aliás, é melhor do que Legendários.

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