sexta-feira, 16 de julho de 2010

Fim genial para uma grande novela

Quando começou a se especular sobre a sinopse da novela com título provisório de Bom dia, Frankenstein muito já começou do burburinho entre a mídia e também entre fãs de telenovela. Parecia uma ousadia criar uma história em que a tecnologia, um prédio modernos e pomposo seria o grande protagonista. O elenco foi se formando e a empolgação continuava, afinal, haviam muitos mistérios cercando o roteiro. Com nome definido de Tempos Modernos o folhetim entrava no ar com a difícil missão de substituir o sucesso de audiência - e nem tanto de crítica - Caras e Bocas.

Passados mais de 07 meses, Tempos Modernos não conseguiu, ao contrário, derrubou a audiência média da emissora em 07 pontos na média geral (fechou com apenas 24). A trama que surpreendeu o país por sua ousadia, teve os melhores 35 capítulos iniciais da história recente da TV brasileira para o horário das 7 (e também das 6). Ousada, inovando, linguajar novo e modelo completamente diferente de se fazer telenovela, o autor Bosco Brasil parecia impressionantemente inspirado.

Porém, a audiência se assustou - assim como havia se assustado com a inovação de As Filhas da Mãe e de A Favorita ambas excepcionais - e rejeitou a trama. A sinopse foi sendo alterada aos poucos e, o que se viu da metade para o final foi uma novela apenas com "mais do mesmo", não era mais sequer sombra do que havia sido no começo. Bosco Brasil apostou no formato clássico de um folhetim para tentar atrair a audiência.

Em partes funcionou, pois a novela conseguiu se livrar do estigma de pior audiência isolada da história e, com um último mês muito bom na audiência, fechou empatada com Três Irmãs. Porém, novamente a emissora perdeu a chance de dar novo fôlego para o formato. Pena. 

Ainda assim, é impossível para a crítica classificar Tempos Modernos como um fracasso no quesito qualidade. A trama foi muito boa, muito bem amarrada e conseguiu ainda mostrar ao público que é possível fazer o telespectador dar boas risadas sem precisar apostar nos clichês e nos lugares-comuns que muitos autores parecem preferir. 

Com isso, o último capítulo não poderia ser diferente. Ágil, com diálogos impressionantemente bem construídos e que lembravam a primeira semana da trama, Tempos Modernos se despediu do público de forma digna, dando qualidade a televisão brasileira. Sem precisar apelar, sem precisar exagerar, apenas com um bom texto.

Destaque para o final criado pelo autor para a personagem Deodora (brilhantemente interpretada por Grazi Massafera). Final incomum, não pela morte em si, mas pela forma como ocorreu. E também para o retorno triunfal do melhor personagem do começo da novela, Albano (Guilherme Weber) que foi uma perda irreparável durante mais da metade da novela.

O destaque negativo deste capítulo ficou por conta do final tão clichê com todos os casais grávidos ou com filhos recém nascidos. Desnecessário e até maniqueísta. Porém, com uma excelente média de 34 pontos e picos de 38, Tempos Modernos sai de cena e mostra que audiência nem sempre é tudo, qualidade é qualidade com 0 ou com 50.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nova Grade do SBT já apresenta resultados

Assim que Sílvio Santos decidiu retomar as rédeas da direção do SBT praticamente toda a mídia especializada e também os fãs da emissora ligaram o sinal vermelho. O trauma com as últimas decisões do "patrão" antes de passar o bastão para sua filha Daniela Beyruti havia sido grande, afinal, ele foi o homem responsável pela "grade voadora", termo criado pela imprensa para definir as constantes mudanças na programação da emissora entre 2006 e 2008.

Ele voltou e a grade voadora parecia estar de volta. Decisões tomadas de última hora e readequação da programação do SBT passaram a valer no final do 1º semestre de 2010. Era nítido que não havia mais tranquilidade por parte dos funcionários da casa e que ninguém saberia o que iria acontecer, a previsão menos otimista dava conta que a emissora corria o risco de perder o 3º lugar na audiência para a Band assim como havia perdido no período em que Sílvio tomara decisões assim em 2006 o 2º lugar para a Record.

Mas, terminadas as modificações na grade da emissora, ao que parece Sílvio Santos desta vez mostrou todo seu conhecimento amplo sobre televisão e muito mais acertou do que errou nas atuais mudanças. As principais alterações que ocorreram no horário nobre da emissora já estão surtindo efeito. 

O fim das séries e a Linha de Shows apresentada as 21h15 mostrou ser um grande risco, mas um acerto maior ainda. Todos os programas vem apresentando audiência maior que as últimas séries e, nesta semana, com a Record optando por reprisar CSI, a Linha de Shows começa a equilibrar a audiência (Qual é o Seu Talento? registrou prévia de 10 pontos ontem e picos de 14 na vice-liderança). A História de Ana Raio e Zé Trovão vem apresentando resultados satisfatórios, com a média parcial de 7 pontos, muito melhor que a Linha de Shows quando era exibida no horário.

A contratação de Raul Gil, apesar de protestos de boa parte dos fãs da emissora, também mostrou ser positiva. O programa continua em crescimento na audiência e nos últimos dois sábados fechou na vice-liderança de média, conseguindo inclusive altos picos de 2 dígitos, o que era raro para a emissora neste horário.

Por fim, as reprises das novelas Pérola Negra e Esmeralda que pareciam um tiro no escuro, mostrou outro acerto do dono do Baú. Com 05 pontos de média nos dois primeiros capítulos, as novelas já tiveram crescimento na quarta-feira (Pérola Negra fechou com 07 e Esmeralda com 6) e caminham para crescer mais ainda.

É evidente que não se pode afirmar o que vai ocorrer e se estes resultados se manterão, mas que esta grade atual do SBT é infinitamente melhor e mais organizada, fazendo completo sentido, como este blog já havia afirmado - migração entre programas - isso não há o que questionar. O público agradece.

Não deixe de comentar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Tempos Modernos e o medo do fracasso

Quando se iniciou a trama das 7 da Rede Globo, Tempos Modernos, este blog afirmou que aparentava ser uma novela revolucionária que, aparentemente, iria reescrever o jeito de se fazer teledramaturgia no Brasil. Primeiros 30 capítulos completamente diferente de tudo que se viu na televisão brasileiro, um jeito novo, ritmo acelerado, humor refinado e, principalmente, situações e conflitos que fugiam completamente do tom folhetinesco a que estamos acostumados.

Com personagens profundos, porém completamente irreais, a trama da Globo apresentava em seus diálogos citações de obras clássicas da arte mundial, passeando por nomes da Literatura, cinema e teatro. Tudo se encaixava perfeitamente na proposta da novela e caminhava a passos largos para ser a melhor novela das 7 da década. Porém, a audiência não correspondeu. O público, acostumado a assistir folhetins em que todas as informações são muito mais mastigadas, rejeitou completamente o método que o autor Bosco Brasil utilizou para escrever sua trama e os números consolidados de sua antecessora Caras e Bocas despencavam dia após dia, tornando Tempos Modernos a pior média parcial da história do horário.

Não é possível afirmar se houve pressão da cúpula global, mas o fato é que, a partir da primeira pesquisa encomendada pela emissora, o autor mudou completamente o formato de sua história e transformou a novela em mais do mesmo. Todos os elementos de modernidade (e não apenas o inteligente computador "Frank") foram tirados de cena, um bom exemplo disso é o personagem Albano (Guilherme Webber), um dos melhores da trama e que a deixou sem ter muito tempo de se tornar memorável, e a partir de então, o público passou a assistir a apenas mais um folhetim interessante.

Tempos Modernos não é e nunca foi uma novela ruim. Ela é muito mais interessante que boa parte do que se vê na TV neste horário nos últimos anos, porém, a pressão por bons números impediu que a Globo permitisse ao seu público um produto de qualidade impressionante e que poderia moldar os novos caminhos da teledramaturgia brasileira. Foi um risco que deveria ser calculado e, aparentemente, os resultados assustaram a todos que correram e transformaram um roteiro genial em arroz-com-feijão legal de se ver. Pena que o medo do fracasso impediu Tempos Modernos de se consagrar.

domingo, 11 de julho de 2010

A diferença entre exploração e jornalismo

E mais uma tragédia acontece no Brasil, desta vez um crime hediondo cometido por uma pessoa pública e com repercussão diária na mídia nacional e, em alguns momentos também internacional devido a crueldade com que houve o assassinato da ex-amante do goleiro Bruno, jogador do Flamengo.

Não cabe a este espaço discutir ou colocar em pauta a gravidade do crime ou o grau de culpabilidade e envolvimento dos envolvidos, principalmente de Bruno, única pessoa pública envolvida no caso. Para isto existe a mídia especializada e todos os milhares de veículos de imprensa que estão cobrindo o caso e permitindo novidades instantâneas para todos.

Porém, como em todo e qualquer caso de grande repercussão na imprensa, este não é diferente, todas as emissoras de televisão realizando exaustivas coberturas, mostrando diversos ângulos do caso e, todas - sem exceção - tentando de alguma forma conseguir exclusividade sob algum aspecto ainda não explorado por seus concorrentes. Isto é fazer jornalismo, é o que se aprende quando se estuda, é a tentativa de inovar e levar ao público informações variadas para que, ele - o telespectador - possa ter condições de refletir sobre o assunto.

Ocorre que a linha é muito tênue, muito mesmo. O jornalismo e a exploração de miséria humana caminham quase de mãos dadas numa situação e é preciso mais do que simplesmente profissionalismo e experiência na área para não ultrapassar os pontos, se esquecendo dos limites e acabar por produzir algo de qualidade duvidosa e que não acrescenta em nada para o telespectador, afinal, é exclusivamente para ele que a mídia produz, certo?

Nesses últimos dias tudo o que se vê na TV durante boa parte do dia é fruto do trabalho jornalístico de diversas pessoas que colhem informações a respeito do caso. Trabalho sério, bem pesquisado e de bom tom tem sido feito, principalmente pela Rede Globo, cuja cobertura nunca ultrapassou o limite do bom gosto, nunca entrou no achismo ou no julgamento precipitado e também nunca explorou o caso exageradamente simplesmente em busca de audiência. Os jornalísticos da emissora, certamente seguindo o Padrão Globo de Qualidade, sabem dar o tom correto, a seriedade necessária que o caso exige, mas em nenhum momento o público se sente invadido ou cansado. Informações apenas necessárias.

Outros jornalísticos estão realizando coberturas sérias e que não ofendem os olhos do público. É o caso do Jornal da Record que em outros momentos e outros casos não soube conduzir as reportagens, desta vez vem realizando um excelente papel de informar o telespectador e merece os parabéns por isso. O Jornal do SBT também realiza um papel interessante neste momento do jornalismo brasileiro, como sempre o faz, aliás, graças ao competente trabalho de Carlos Nascimento.

Em contrapartida os jornalísticos populares estão completamente perdidos - como sempre. Brasil Urgente com José Luis Datena vem realizando um trabalho vergonhoso e que dá nojo a qualquer profissional de imprensa no país. Conclusões precipitadas, entrevistas com pessoas que não sabem nada sobre o caso e lançando perfis dos criminosos feitos por pessoas incompetentes. E isto se repete com o mesmo formato da Record, que aliás, até fugiu o nome de tão ruim que é.

Mas me chamou a atenção um programa em especial. Conexão Repórter, do SBT, com o excelente jornalista investigativo Cabrini que sempre faz ótimos trabalho errou a mão. Na última semana foi ao ar ao vivo e cheio de informações exclusivas e completamente irrelevantes para a história. O momento ápice de exploração exagerada e pouco jornalismo foi a entrevista emocionada que o pai da vítima deu ao vivo ao jornalista. Tudo orquestrado para dar audiência, emocionar o público e, a despeito de tudo isto, não houve acréscimo a nada que todos já sabiam, ou seja, pura apelação. O caminho não é este, não mesmo.

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