sábado, 1 de maio de 2010

Hoje em Dia: passado feliz, presente melancólico

Em alguns momentos quem acompanha o universo da televisão tem uma certeza: alguns diretores parecem jogar contra seus próprios times. É impressionante a incapacidade que eles têm de enxergar que não se mexe jamais no que está dando resultado, mesmo na intenção de melhorar, é um risco desnecessário, é o famoso trocar o certo pelo duvidoso.

Foi exatamente isso que a Rede Record fez com o excelente Hoje em Dia. A revista eletrônica que retomou o conceito de programa matutino aliando entretenimento com informação e culinária, quando surgiu na emissora foi um sucesso imediato. O telespectador sentia falta do formato, abandonado na TV aberta brasileira há muito tempo, e recebeu de braços abertos o produto oferecido pela emissora que começava a caminhar rumo a vice-liderança. O acerto do formato, as pautas bem pensadas e muito bem executadas e a química entre o trio de apresentadores, Ana Hickman, Brito Júnior e Edu Guedes, foram um marco importante para a inovação que a emissora propôs com incrível felicidade.

O programa virou sucesso e febre na TV brasileira. Sua audiência chamou a atenção até da concorrência e não eram raras as vezes que atingia a liderança tranqüila, mesmo ficando 04 horas no ar e enfrentando toda a programação infantil e tradicional da Globo e do SBT. Uma prova de que a produção própria, as boas idéias devem ser aproveitadas. O Hoje em Dia foi um marco porque nos apresentou uma Record que cria e não que copia a grade de outras, por isso além do sucesso foi tão importante.

Mas, sabe-se lá porque, algum gênio diretor da emissora decidiu que em 2009 era o momento da mudança. E elas vieram com força. Tudo mudou. O formato, as pautas e também os apresentadores. Ana Hickman assumiu o Tudo é Possível quando Eliana mudou de emissora e Brito Júnior ficou encarregado do Reality da emissora, A Fazenda, e foram ambos substituídos. Com tantas mudanças, realizadas tantas vezes, a excelente revista eletrônica ganhou ares popularescos, como a tal "travessia na passarela" e perdeu completamente a identidade.

Atualmente, o Hoje em Dia que se passa diariamente nas manhãs da Record não é nem sombra do programa que já foi um dia. Inclusive em audiência que somente briga pela vice-liderança e mais nada. Uma prova de que as tais novidades para dar um ar mais jovem, nem sempre funcionam. O Hoje em Dia era redondinho e a própria emissora o estragou.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Globo dá aula de se fazer televisão e faz Bela a Feia recuar

Após 04 semanas com sua nova programação no ar, a Rede Globo pode dar um recado para a sua principal "concorrente": Não temos concorrentes. Essa frase emblemática parece oriunda de um fanático e apaixonado pela principal emissora do país, mas não é, trata-se apenas da constatação da realidade.

O maior produto da Rede Record atualmente em termos de audiência é a novela Bela a Feia que, mesmo bem abaixo na média geral da meta estabelecida pela própria emissora (15 pontos e não 20 como alguns dizem), se recuperou do início desastroso e, com a melhora substancial na qualidade do texto, chegou a números impressionantes de audiência, superando a barreira dos 15 pontos estabelecidos e conquistando, inclusive momentos de liderança.

Acontece que a Rede Globo lançou em sua nova grade, uma linha de shows forte, como poucas vezes se viu na emissora. Agora, após 04 semanas de exibição desta nova grade, Bela a Feia deixou de incomodar, recuou, perdeu a audiência na reta final, tudo isso graças ao trabalho tranqüilo, sem falatório, apenas com produções de qualidade feito pela Globo. Esta é a pior semana da novela da Record em muito tempo. Até quinta, a audiência semanal está 1,25 pontos abaixo da semana anterior, que já havia perdido 1 ponto para a outra, ou seja, a seta virou para baixo.

Depois que uma novela cai no gosto popular, esteja ela na emissora em que estiver, é muito difícil a audiência migrar, principalmente na reta final, a menos que o texto perca considerável qualidade, o que não aconteceu com o folhetim. A Linha de Shows da Globo com seus novos programa (Casseta e Planeta, Força-Tarefa, A Grande Família, A Vida Alheia e Separação) derrubaram a audiência da novela apostando numa qualidade maior.

A equação é simples. Com o fim do Big Brother Brasil, o público migrou para a novela da Record, porém, pouco tempo depois, com as atrações globais sendo elogiadas aos 04 ventos, o público retornou e isso se reflete no Ibope. Casseta e Planeta perde muita audiência que recebe da novela, porém, ainda assim vem subindo toda semana e bateu recorde na última terça-fera. Força-Tarefa que sofreu nos dois primeiros episódios, se recuperou e não corre risco sequer nos intervalos. A Grande Família aposta no humor de qualidade e não sofre incômodo algum, quinta-feira, fechou com 31 pontos, e disputando com Bela, foi 31 a 11. A Vida Alheia também vem bem, equilibrada, e sempre com audiência acima dos 20 pontos. Separação, numa sexta-feira, consegue manter a Globo acima dos 20 pontos, um feito principalmente porque há muito tempo a Record incomodava a emissora neste horário.

Com isso, a Rede Globo dá uma aula da como se faz televisão e de como se modificar um momento ruim e melhorar seus índices de audiência. Não é com uma grade voadora e trocando constantemente os programas de horário. Não é com apelação e com frases de efeito para a mídia. É com trabalho de qualidade. Porque o público volta, havendo qualidade, ele sempre volta.


Mega Senha estréia com apresentação vergonhosa

As chamadas foram extremamente atraentes, o formato parece ser muito interessante, portanto, Mega Senha tinha tudo para dar certo, mas ainda assim o que se viu no vídeo ontem, foi um programa constrangedor com uma apresentação muito abaixo da crítica.

Neste episódio de estréia, houve falhas de todos os gêneros que mostraram ainda faltar muito para a Rede TV conseguir produzir algum programa do porte de Mega Senha, que exige uma estrutura grande e apresentadores a altura para dar um resultado minimamente positivo. Mesmo sendo válido que uma emissora pequena tente produzir algo grandioso, a análise deve ser feita friamente, levando em conta o aspecto do telespectador e este, acabou saindo prejudicado.

O principal ponto baixo do programa definitivamente foi a apresentação. Marcelo de Carvalho mostrou seu despreparo para apresentar um programa de TV e ficou claro que não houve nenhum tipo de ensaio ou estudo sobre os métodos para se apresentar. Ele caiu de para-quedas num alto investimento da emissora apenas por ser o proprietário e esse egocentrismo gritante atrapalhou e muito o desempenho do programa que poderia ter sido muito melhor nas mãos de um apresentador competente. Luciana Gimenez não passou vergonha, conseguiu ao menos ser discreta e não chamar a atenção do telespectador de forma negativa, mas ela também não é a pessoa indicada para assumir a apresentação e demonstrou toda a insegurança que a falta de experiência na área revela.

Problemas de produção que perseguem a Rede TV também marcaram presença em Mega Senha, principalmente um áudio defeituoso que, em determinados momentos, mudava de altura, o que incomodou quem estava assistindo e atrapalhava a atenção do público. Um problema comum a emissora, mas que não poderia aparecer no programa de tão grande investimento.

O ponto alto de Mega Senha foi o cenário grandioso. Não houve economia na produção do cenário e tudo se encaixava, as cores, o formato, e acabou sendo a única coisa atraente de se ver durante toda a exibição do programa que obteve uma média baixa de 2 pontos de média, porém conseguiu se manter a frente da Band, em 4º lugar na audiência. 

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Deus é Pai: Força-Tarefa terá terceira temporada

Com tantos produtos duvidosos que as emissoras colocam em sua programação, quando há algo de positivo, é preciso que seja duradouro, o que nem sempre ocorre, como infelizmente aconteceu com o cancelamento de Som e Fúria e Tudo Novo de Novo. Mas a Globo, que mereceu vaias por cancelar essas duas deliciosas séries, agora merece aplausos por renovar Força-Tarefa.

A série conta a história de policiais da Corregedoria do Rio de Janeiro que investigam crimes cometidos dentro da própria polícia, com o objetivo de punir maus policiais. Liderados pelo coronel Caetano (Mílton Gonçalves) e tem como protagonista o tenente Wilson (Murilo Benício). Mais do que simplesmente uma série policial, Força-Tarefa retrata com profundidade temas interessantes com a relação humana, a integridade questionada diante da corrupção e como nem sempre os bons profissionais são reconhecidos. 

Após uma interessante primeira temporada, quando ia ao ar às quintas-feiras, após A Grande Família e sempre registrando médias superiores a 20 pontos, a série mudou de dia nesta segunda temporada, passando a ser veiculada às terças-feiras após Casseta e Planeta, neste quatro primeiros episódios da temporada, registrou respectivamente 18, 18, 19 e 19 pontos de audiência. Os números parecem baixos, mas não são. Na primeira temporada, ela recebia sempre em torno de 25 pontos, atualmente ela recebe sempre abaixo dos 20 e consegue segurar-se bem.

A notícia da renovação da terceira temporada ainda não é confirmada pela Rede Globo, mas já foi inclusive repassada aos produtores. A cúpula da emissora ficou bastante satisfeita com o resultado de crítica da segunda temporada - a série vem sendo considerada pela crítica a melhor já produzida no Brasil, no estilo policial - e acredita que a série vá fechar o ano acima dos 20 pontos, fato que seria muito interessante. A 1ª temporada teve 13 episódios, nesta 2ª foi cogitado haver 16 episódios, porém, como Murilo Benício foi escalado para a próxima novela das 7, Ti ti ti, com estréia prevista para agosto, a direção global diminuiu a temporada para apenas 10 episódios.

A novela fica no ar até Janeiro e já está batido o martelo. Em fevereiro começa a produção da 3ª temporada de Força-Tarefa e Murilo Benício não estará escalado para nenhuma novela em 2011 para se dedicar exclusivamente a série. Serão provavelmente 16 episódios na 3ª temporada. Ótima notícia e grande acerto da Globo.

Emissoras nacionais jogam horário nobre pelo ralo

Não vou falar especificamente da nova programação da BAND, isto ainda requer mais algum tempo de reflexão para não falar algo de forma precipitada, mas aproveitando a apresentação desta nova grade, é importante que pensemos o atual momento da TV aberta brasileira que, exceção feita a Rede Globo, parece investir de forma pesada na dramaturgia estrangeira.

A pioneira nesta atitude em colocar séries americanas de sucesso no horário nobre das televisões abertas foi o SBT que, na tentativa de barrar A Fazenda, em 2009, passou a exibir diariamente um episódio de uma grande série, a primeira foi Harper's Island e, a consagração da idéia veio em seguida com Supernatural que deixou a emissora na vice-liderança com folga e quase sempre com dois dígitos.

A Record sem medo de ser taxada dos piores nomes, copiou a idéia e, aproveitando-se do fim da exibição de Supernatural, colocou no ar, também no horário nobre, a principal série adquirida pela emissora, CSI. O resultado foi o esperado e os números de audiência se inverteram. Desde então a série é vice-líder sempre com dois dígitos e já enfrentou diversas concorrentes na concorrência: Gossip Girl, Smalville, Cold Case e agora enfrenta The Mentalist.

Como se não bastasse a 2ª e a 3ª principal emissora do país abrindo o principal horário da televisão brasileira - com maior audiência, maior participação e, logo, maior olhar dos anunciantes - para produtos enlatados, abrindo mão da produção própria, abrindo mão de coragem de investir em algo nacional, sejam novelas ou até mesmo séries, agora a 4ª maior emissora também decidiu seguir o mesmo caminho, que certamente é mais cômodo.

A BAND divulgou no início desta semana, em sua nova grade, a exibição de séries de segunda a sexta no horário nobre, mas diferentemente do SBT e da Record que mostram uma só série diariamente, no melhor estilo capítulos de novelas, a emissora vai exibir a cada noite uma série diferente, seguindo o modelo americano de se fazer televisão. Antes disso, porém, a emissora exibe no mesmo horário - 21 horas - a minissérie Band of Brothers, grande sucesso americano da HBO, produzida por Tom Hanks e que no Brasil recebe o nome de Irmãos da Gerra. A série será exibida entre os dias 03 e 14 de maio.

A partir do dia 17 de maio, a emissora estréia a nova faixa com as seguintes exibições: Segundas: Bones; Terças: Gangues da noite (Dark Angel); Quintas: Acerto de Contas (Leverage); Sextas: Queima de Arquivo (Burn Notice). As 11 da noite de sexta-feira a emissora exibe também uma das melhores séries de todos os tempos, Família Soprano (The Sopranos).

Independentemente da qualidade das séries compradas e que serão exibidas pela emissora, o fato incontestável é que esse modelo de fazer televisão virou vício no Brasil e cresce, não como uma árvore saudável e pronta para dar frutos, mas como uma praga que vem para destruir toda a plantação. É válido exibir produtos de outros países, principalmente séries de qualidade e que estão fora do alcance da população que não tem acesso a TV por assinatura, porém, o principal horário do país deve ser ocupado por produtos obrigatoriamente nacionais. Por que não exibir todas estas séries as 11 da noite, exatamente como fará com a melhor delas?

SBT, Record e agora a Band, mostram toda sua incompetência e assinam o atestado de falta de criatividade e preguiça ao exibirem produtos enlatados no principal horário. Dão mostra de não terem o menor senso da importância de existir produtos nacionais em exibição. E o pior, essa infeliz moda, parece que veio para ficar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Calma é a palavra ao se analisar O Aprendiz 7

Com 04 episódios exibidos já é possível fazer uma análise mais segura de O Aprendiz 7, reality cujo faturamento é o maior da Rede Record, conforme a própria emissora fez questão de frisar durante o seu lançamento. Foram muitas as mudanças para esta edição, a começar pelo apresentador e seus conselheiros, com a saída de Roberto Justus que mudou de emissora, a atração passou a ser comandada pelo empresário João Dória Júnior.

Um programa neste formato, quando recebe tamanhas alterações, a começar pelo apresentador que é o carro-chefe da atração, normalmente passa por um período de adaptação e é necessária paciência por parte do público para não fazer um julgamento precipitado. É exatamente o que vem acontecendo em O Aprendiz 7. Quem assiste a atuação edição cai no lugar-comum triste para os fãs do reality que é a constatação de que o programa piorou muito em comparação com as edições anteriores.

Essa é a análise simplória. De fato, houve um regresso sem precedentes, principalmente se a comparação for com o programa até a sua 5ª edição - a 6ª já mostrou uma substancial queda de qualidade - e o público começou a perceber que, talvez, o formato somente se manteve bem e com sucesso por tantas edições graças ao estilo imposto por Roberto Justus.

Mesmo considerando um erro a escolha de João Dória Júnior como apresentador, é também um erro julgar o formato como ultrapassado no Brasil e sem chances de melhora. O próprio Justus foi alvo de duras críticas em sua primeira edição a frente do programa, portanto, é preciso que se dê tempo ao novo apresentador. É bem verdade que esta edição é para se esquecer, porém, pode ser que ela dê a maturidade e o conhecimento necessário ao apresentador para que ele melhora nas próximas edições, exatamente como ocorreu com seu antecessor.

O formato de O Aprendiz é um dos melhores já criados para a televisão e o público e a crítica brasileira não podem simplesmente condenar um Reality de tamanha qualidade ao fracasso, querendo até colocar em risco suas próximas edições. A TV brasileira necessita de produtos de qualidade e não se pode julgar precipitadamente toda uma estrutura apenas por causa de uma edição. 

Todas as críticas a Dória e a 7ª edição de O Aprendiz são válidas e reais, porém não definitivas. É possível realizar ajustes necessários e melhorar o programa recolocando-o nos trilhos. Ao menos, essa é a torcida. Uma edição mal produzida não pode entregar a um programa o título de ruim, quando seu formato é comprovadamente muito bom, é preciso calma na análise e entender que todas as mudanças realizadas geraram problemas que podem - e certamente serão - corrigidos. Torcer contra não é o caminho.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O Poder do Humor de Qualidade

Não vou fazer uma crítica ao péssimo Legendários, apesar de a partir de agora, sempre que se falar de humor, ter-se como referência a má qualidade do programa da Record. O momento é mostrar o parâmetro que um programa de qualidade dá resultados sempre, ou pelo menos quase sempre.

Enquanto Legendários tentou revolucionar a TV brasileira e vem conseguindo números inexpressivos de audiência - nem sequer aparece entre as principais audiências da sua emissora - dois outros programas parece que escolheram justamente este período para se consagrarem.

O Pânico na TV que já tornou-se tradicional na televisão, vem a cada domingo conquistando mais e mais o público. Na última semana, além de conseguir a proeza de liderar a audiência por alguns minutos, fechou com uma de suas melhores médias no ano, 11 pontos segundo o consolidado. Esse número parece próximo ao Legendários - que fechou com 09 - mas não é. Se levarmos em consideração que o Pânico é da Rede TV, uma emissora que raramente consegue fechar com 02 pontos de média geral no dia, nota-se que o humorístico fechou com mais de 05 vezes a média da emissora. Como a Record fecha com média de 07 pontos, seria como se o Legendários registrasse 35 a 40 pontos de média. Pequena a diferença, não?

E para dar o golpe de misericórdia, o CQC - Custe o que Custar - da Band parece que não pára de crescer em audiência. Nesta segunda-feira, o programa obteve sua melhor média, 07 pontos de acordo com os dados prévios, chegando a picos de 10, ficou em terceiro lugar, mas houve momentos de vice-liderança. 07 pontos para o CQC na Band que também fecha normalmente com 02 pontos de média-dia, representaria cerca de 25 pontos para o Legendários, na proporção. Impressionante, não?

Creio que essa pequena lição do telespectador em três dias consecutivos - no sábado rejeitando o Legendários, no domingo e na segunda aceitando amplamente o Pânico na TV e o CQC - é uma amostragem que o humor do bem não é a proposta que o humorístico da Record vem tentando fazer, mas é acima de tudo, aquele que faça o público rir.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Manda-chuva quer mudar tudo nos fins de semana da Record

Segundo apurou o TVxTV, Honorilton Gonçalves, vice-presidente artístico e de programação e principal manda-chuva da Rede Record perdeu a paciência. Depois de inúmeros finais de semana em que vê sua emissora suar para não perder feio na média-dia para o SBT e ter que assistir de camarote o 3º lugar na audiência de seus principais programas do domingo, ele quer mudar tudo.


As mudanças ainda não foram anunciadas porque Marcelo Caetano, Diretor de Programação da emissora, está tentando convencer o chefe a agir com calma e promover essas mudanças sem alarde, para não queimar os profissionais que terão seus horários modificados. Mas de qualquer forma ninguém da cúpula da Record está satisfeito com o desempenho dos programas nos dois principais dias da semana, sábado e domingo, em que normalmente o share está sempre nas alturas.


A idéia de Honorilton é realizar mudanças drásticas e, para tal, Marcelo Caetano sugeriu uma pesquisa com o público para averiguar o que achariam das tais mudanças, para a partir daí tentarem modificar com coerência e sem a necessidade de novas mudanças, pois com a pesquisa, já teriam os resultados desejados. As alterações não são tão simples, colocaria programas em novos dias e horários e transformaria toda a estrutura da Grade da Record nos finais de Semana.


A primeira grande alteração seria retirar o Tudo é Possível, com Ana Hickman, dos domingos, pois todos acreditam que a apresentadora não tem condições de permanecer na disputa dominical. A idéia é manter o programa, mas aos sábados, no horário em que atualmente vai ao ar O Melhor do Brasil, com Rodrigo Faro. Com um programa um pouco menor, é verdade, pois a intenção é fazer com que Tudo é Possível vá ao ar aos sábados até as 20h30 dando espaço para o Jornal da Record que teria 45 minutos de duração, indo até às 21h15 e entregando para Legendários.


Essa mudança, segundo a cúpula, seria interessante, pois acredita-se que Ana Hickman tem potencial para manter a emissora com bons patamares de audiência no sábado, por não haver forte concorrência, com o Jornal da Record começando mais cedo, não haveria grande quebra de público como vem ocorrendo atualmente e o programa Legendários receberia mais alto e, mesmo disputando com a novela das 8, a Record acredita que é o melhor, pois nos sábados as novelas perdem muita audiência.


Assim, o domingo também teria muitas alterações. Honorilton está irredutível e já decidiu que vai mudar o Programa do Gugu de horário. A idéia é colocar um forte filme aos domingos meio-dia com Gugu Liberato entrando ao vivo as 2 da tarde e indo até às 5h30. A partir das 5h30 entraria o Domingo Espetacular que iria até as 9 da noite e, para disputar o principal horário dos domingos, a cúpula da Record quer O Melhor do Brasil, com Rodrigo Faro. Muita gente acredita que a irreverência do apresentador dará a emissora ao menos a vice-liderança contra Sílvio Santos e o Pânico na TV.


Essa é a vontade da cúpula, porém Marcelo Caetano não concorda e não acredita que o formato de O Melhor do Brasil aguentaria a disputa dominical da noite, além do que, ele tem dúvidas sobre como Gugu iria reagir ao ter de voltar a apresentar programas nas tarde de domingo. Honorílton Gonçalves não quer sequer ouvir isso, para ele, Gugu perdeu a chance de decidir ao jogar a audiência da emissora para o quarto lugar. Os próximos dias serão cheios de reuniões na emissora para decidir o futuro e as mudanças que podem vir em breve, apesar de Marcelo Caetano tentar segurá-las ao menos até depois da Copa do Mundo.


Escrito nas Estrelas peca, mas tem potencial para ser uma boa novela

Com duas semanas no ar já é possível fazer um balanço da trama do horário das 6 da Rede Globo, Escrito nas Estrelas, de Elizabeth Jhin. Trama esta que chamou a atenção principalmente pelo seu caprichado primeiro capítulo, com um ritmo acelerado, sem grandes apresentações de personagens e sem cenas desnecessárias, conquistou o público pelo cuidado e pela aparente história forte.

Porém, a partir daí, a novela não manteve a mesma força. A cada capítulo houve quebra de ritmo e começaram a aparecer os problemas freqüentes em um folhetim apenas razoável. Um dos pontos baixos desta história é que as sub-tramas não convencem. São histórias superficiais, com personagens que até o momento não disseram o motivo de participarem de uma novela e isto é muito ruim.

Outro ponto negativo de Escrito nas Estrelas são as cenas longas. Normalmente, uma trama de qualidade necessita de cenas curtas, diálogos rápidos e acontecimentos intensos, pois assim ficam na memória do telespectador que acaba por aguardar novos momentos semelhantes, exatamente como ocorreu no capítulo de estréia. As cenas longas que têm ocorrido por diversas vezes ao longo dos capítulos exibidos normalmente vem carregados de didatismo desnecessários, irritantes e que somente tem o poder de entediar e afastar o telespectador. Uma cena assim foi emblemática, um diálogo entre os médicos que durou cerca de 02 minutos, apenas falando de um problema da gravidez de uma paciente e usando uns 10 nomes técnicos. Desnecessário e irritante.

Mesmo diante destes problemas, o folhetim chama a atenção pelo seu núcleo principal. Uma história forte, que chama a atenção e prende o telespectador do primeiro ao último minuto. Muito disso se deve a excelente composição de duas personagens. A protagonista Viviane, vivida por Natáli Dill que, apesar de ter exagerado no tom nos primeiros capítulos, vem melhorando muito e se tornando dona da história, sabendo mostrar a força da protagonista sem parecer exagera, o que é motivo de elogio, pois Viviane não é fácil de se interpretar por ter diversos meandros complicados e complexos. Mas o grande nome e que tem carregado a novela até o momento atende por Alexandre Nero. Interpretando o impiedoso Gilmar, o ator compôs sua personagem com rara felicidade e soube como poucos tornar o vilão interessante. Ele é ao mesmo tempo grosso, manipulador, charlatão e insuportável, mas também é cínico, bem educado, prestativo, enfim, tudo que um bom vilão precisa ter.

O principal ponto negativo da trama de Elizabeth Jhin se trata justamente das situações em que a dramaturgia cede espaço às crenças religiosas. Não se pode discutir a veracidade da vida após a morte e da tentativa de espíritos voltarem a Terra para ajudar seus entes queridos, porém, definitivamente se existe um Paraíso, ele não é como o que vemos em Escrito nas Estrelas. Um lugar estranho, que lembra muito mais uma plantação de cana-de-açúcar, com um brilho irritante para o telespectador faz parte da composição mal produzida do cenário. Incomoda também o diálogo entre as personagens deste "universo paralelo", o texto entoado pelos mortos e anjos beiram o ridículo, em alguns momentos soa falso até mesmo para uma criança de 04 anos e isto sim é um problema grave, já que boa parte da história gira em torno justamente desta crença e destes diálogos.

Com alguns pequenos problemas, algumas situações elogiáveis e um problema grave, assim Escrito nas Estrelas - com 12 capítulos de exibição - não mostrou a mesma força de sua antecessora, Cama de Gato, mas continua mostrando que tem potencial para ser uma boa novela, por enquanto, apenas potencial.

Este texto também está disponível no site Famosidades, do Grupo MSN Entretenimento.

domingo, 25 de abril de 2010

Séries mostram a força da dramaturgia Global

Tentei pesquisar, mas nem assim consegui chegar a uma conclusão satisfatória, o fato é que há muito tempo a Rede Globo não acerta tão em cheio em suas séries como neste 1º semestre de 2010, algo louvável para uma emissora cuja prioridade máxima é a produção de novelas e um sinal de que esse formato parece ganhar força também nas emissoras brasileiras e não apenas entre o público.

Ter uma grade de programação não é fácil, ter vários produtos de um mesmo formato na grade e manter a qualidade é ainda mais difícil, tanto que a própria Globo não consegue sempre manter três novelas de qualidade no ar, que é o carro-chefe de sua dramaturgia, portanto, colocar no ar 05 séries de qualidade simultaneamente no ar é uma tarefa para herói, e a emissora conseguiu.

A começar pelo domingo em que SOS Emergência vem tendo a árdua tarefa de recuperar a tradição do público de assistir uma série de humor após o Fantástico, tradição essa que durou muitos anos com o excelente Sai de Baixo. Após uma estréia apenas morna, o programa se recuperou no segundo episódio e teve no seu terceiro episódio o melhor momento até aqui. Nem de longe a série é o melhor produto da emissora, mas vem crescendo, encorpando, ganhando cara própria e mostrando que tem a capacidade de fazer o público rir e prender muita gente diante do televisor.

Na terça é a vez da melhor produção brasileira da atualidade, Força-Tarefa que já teve uma primeira temporada muito interessante, vem provando nesta segunda temporada que o Brasil tem capacidade de produzir uma série policial com qualidade comparável às gringas. Roteiro impecável, bem pensado, profundo e evitando os clichês e lugares-comuns que esse tipo de formato costuma carregar, a série é a melhor coisa da TV brasileira em 2010 até o momento, destaque para a excelente atuação de Murilo Benício que cresceu muito com sua personagem.

Quinta-feira é dia de A Grande Família. Uma série que está a 10 anos no ar e ganhando prêmio atrás de prêmio diz por si própria o tamanho de sua qualidade. Um dos melhores roteiros da TV brasileira, episódios divertidos, dramáticos e envolventes, além de diálogos dos mais ricos da TV. Elenco forte e que resiste ao tempo, prova da qualidade do protudo e que faz o telespectador torcer para que continue por muitos anos.

Ainda na quinta surge uma deliciosa novidade. A Vida Alheia, produção de Miguel Falabella e que teve em seu episódio piloto uma amostragem fraca do que seria a série. A partir do 2º episódio não deixou a desejar e já prendeu o público, chamou a atenção do telespectador por ser uma das poucas séries brasileiras a seguir o formato de sucesso americano. O formato contínuo, ou seja, apesar de ser dividida por episódios semanais e com uma história que começa e termina ali, os episódios são interligados, continuados e tem uma história linear muito interessante. A cada quinta-feira mais o público quer assistir porque a história cresceu, ficou forte e atraente.

Na sexta-feira surge a melhor série de humor desde Os Normais. Não à toa a produção é também assinada por Fernanda Young, o que significa muito neste caso. Separação não é apenas uma boa série de humor, é um produto dos mais divertidos, levando o telespectador a alguns momentos de gargalhadas histéricas, coisa que poucas séries conseguem em qualquer lugar do mundo. Roteiro escrachado, situações bizarras e absurdas e atuações fortes e malucas marcam a série, ou seja, uma mistura que tinha tudo para dar errado e deu muito, muito certo.

Com um primeiro semestre destes fica a pergunta: como a Globo vai conseguir manter este nível alto que ela mesmo se colocou no 2º semestre? Não é uma tarefa fácil e as produções que substituirão estas séries terão o árduo trabalho de tentarem manter o nível. É ver para crer.

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